quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

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Em tempos de crise no DEM e no DF, Arruda ainda é sinal de proteção contra olho-gordo?

Depende. Somente se você fizer uma "meia" culpa depois de pedir a "proteção"!

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segunda-feira, 23 de março de 2009

O longo hiato.

Não escrevo aqui desde o dia 8 de janeiro. Isso mesmo. Quase três meses se passaram sem que eu desse nem sequer um sinal de interesse por esse espaço que era muito mais que o meu caderno de anotações. Eu simplesmente abandonei essa ponte que me liga ao mundo que sei que me pertencia e deixei de lado um projeto tão bem sucedido e tão querido por mim e por vocês, e nem sequer dei explicações.
Uma coisa que me deixou em dúvida quanto à força desse meio de comunicação foi a repercussão que causou esse longo hiato no tempo sem me manifestar por aqui. Não desconsidero, de maneira nenhuma, a importância da cobrança de quem me questionou quanto ao abandono do blog. Essa manifestação de insatisfação é reconhecida, sentida e aceita de maneira até lisonjeira. Porém, seria covardia não assumir que a falta de cobrança não passou despercebida. Não sou tapado a ponto de achar que cobrança é uma coisa gostosa de receber. Muito menos pensei que as pessoas ficariam entrando no meu blog só pra me cobrar a voltar a escrever. Mas, mesmo assim, ficou um vazio no nosso contato. Eu já não estava nada animado a escrever e essa "falta de interesse" não me impediu de escrever, mas, certamente, ajudou a ficar inerte.
O que posso dizer quanto a esse desinteresse para com o blog é que ele está diretamente ligado ao meu presente. Curiosamente, o meu presente é extremamente interessante, assim como foi esse período em que fiquei sem escrever. Passei por uma fase bem difícil em janeiro e não consegui focar no projeto. Cheguei a pensar em usar o blog para expiar e até para digerir a fase difícil, mas seria muito mutilador ficar ruminando meu sofrimento e abrindo minha privacidade aqui.
Posso garantir que só decidi escrever aqui agora porque hoje me sinto muito feliz e bem de novo.
Coincidentemente, esta é a minha última semana em Londres. Hora de fazer viagens internas por esses últimos meses e me preparar para despressurizar.
Foi um grande prazer dividir a maior parte da minha vida aqui com vocês.
Muito obrigado.
Amo vocês, nunca deixei de amar.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Londres, a véspera.

Os momentos que antecederam a viagem não foram tão cheios de expectativas. Isso porque nós tínhamos tanta coisa para resolver, em tão pouco tempo, que a ficha foi cair só bem depois.
Além de ter de trabalhar normalmente na quarta-feira, dia 17 de Dezembro, ainda tinha que ir até a escola, passar no banco para pegar meu cartão de crédito inglês e dar uma passadinha na loja de roupas para comprar uma blusa térmica e ver se tinha um calçado bom e barato para aguentar o tranco.
Saindo da escola, passei direto no banco, peguei meu cartão e fui na Lillywhites, uma loja de esportes enorme em Piccadilly. Entrei na loja, passei pela multidão que se aglomerava atrás de presentes de Natal e fui direto ao ponto. Comprei a tal blusa térmica e, na hora em que estava saindo, resolvi dar uma olhada nos tênis. Foi aí que a Intervenção Divina começou. Olhei para um canto da loja e vi uma coisa meio improvável: uma bota linda, da Oakley, por 35 Pounds. Uma pechincha! Experimentei o único par que tinha, o único do meu tamanho. Fui até o caixa para estreiar o meu cartão de crédito e nada. A senha não estava sendo aceita. Fui correndo até o banco, que estava com as portas fechadas e comecei a acenar para os funcionários. Por muita sorte, quem me viu foi a moça que me atendeu anteriormente. Ela sabia que eu ia viajar e veio me atender. Expliquei a história da senha e ela foi buscar um envelope para mim dentro da agência. Dentro do envelope, a senha! Alívio.
Voltei para a loja, peguei a bota e fui pegar o metrô para casa. Descendo as escadas rolantes de uma das estações mais movimentadas de Londres, vejo Gustavo. Isso nunca acontece aqui. Ficamos tão emocionados que resolvemos andar mais um pouco pela rua. Foi quando ele me lembrou que eu deveria trocar Libras por Euros antes de viajar. Procurei o melhor preço e percebi que as moedas estão com o mesmo valor de mercado. Comprei um pouco da moeda e fui para casa.
Chegando lá, Vivi já estava à minha espera para me ajudar com a arrumação da mala. Rolinho de roupa aqui, rolinho de roupa lá e nada de o Gustavo chegar. Já sabemos o quanto ele é enrolado, mas nunca nos acostumamos. Quando ele chegou, terminamos de ajeitar tudo e aproveitamos para dar uma olhada no roteiro. Descobrimos um ônibus que passava bem perto de casa e poderia nos levar diretamente para a Victoria Station, de onde nosso ônibus com destino ao aeroporto iria partir. Quando era 12h30, começamos a nos despedir do pessoal de casa e nos encaminhamos para o ponto de ônibus. Vimos na placa de itinerários que tínhamos perdido o ônibus por 2 minutos e deveríamos esperar mais 20 minutos até o próximo chegar. Porém, por alguma razão desconhecida o ônibus estava 3 minutos atrasado e chegou assim que terminamos de lamentar.
Não bastasse a sorte de pegar o ônibus em cima da hora, fomos agraciados com uma surpresa sensacional. A rota do ônibus N52, de Willesden Green até Victoria Station, passa pelos principais pontos turísticos de Londres. Hyde Park, Marble Arch, Oxford Street, Trafalgar Square, Big Ben, Houses of Parliament, Westminster Abbey... Cólírio para os olhos já sonolentos.
Chegando em Victoria, ficamos alguns minutos esperando o ônibus no ponto errado. Nos mexemos um pouco e logo achamos a plataforma correta. Em dois minutos estávamos embarcados e tirando um cochilo de uma hora.
Chegamos no aeroporto de Stansted às 4h30 da manhã. Às 4h30 abriu o check-in do nosso vôo. Fomos os primeiros da fila e nos coube esperar pelo anúncio do vôo.
Quando nos encaminhamos ao portão de embarque, passamos pela conferência da aduana. MInha mala estava 3 kg acima do peso permitido, a do Gustavo, 2,5kg. Torcendo para não sermos conferidos, fomos nos encaminhando pela mesma fila. Na hora de passar nossas malas, fomos colocados cada um de um lado. Passamos pelo scanner e nossas malas foram solicitadas para conferência. Tivemos que abrir tudo, mostrar o interior das malas e meu desodorante foi jogado fora. Isso foi o de menos.
Não encanaram com o peso e fomos liberados sem nenhum problema.
O vôo estava vazio e durou apenas 45 minutos. O horário de Amsterdam é 1h adiantado em relação a Londres.

Histórias de Mochilão.

A partir de agora, as próximas postagens serão exclusivamente sobre o mochilão.
Tentarei não deixar o texto monótono. Cada capítulo falará de uma etapa da viagem.
Enjoy!
Amo vocês.
Saudadona.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Depois do mochilão.

Foram quase 20 dias de muita energia boa.
As melhores companhias, as novidades que sempre soube que apareceriam.
Passamos por Amsterdam, Praga, Veneza e Barcelona. Todas são cidades lindas. Cada uma proporcionou emoções completamente diferentes. Foi difícil, durante muitos momentos, realizar o tamanho do evento. Sou diferente hoje. Tenho na minha história coisas que não ainda não sei como contar. Tudo está meio embaralhado na cabeça.
A sensação neste momento é de fim de carnaval. Amigos novos que não quero perder, pequenos momentos que não quero esquecer. As paixões de minutos, os segundos eternizados.
Quero dividir com vocês tudo o que me aconteceu.
Ainda estou elaborando como o farei. Mas o farei.
Amo muito vocês.
Saudadonas.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Do mochilao...

Queridos, esta muito dificil ter tempo para escrever aqui!
Ja passamos por Amsterdam, Praga e Veneza.
Tudo maravilhoso por aqui!
Estamos em Barcelona!
Cada historia, cada momento...
Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz, Saude e Fe!
Amo muito todos voces!
Saudadona!
Bju

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Quando adiamos o adiado.

Demorei muito para voltar a escrever aqui de novo. Isso é fato.
No começo desta longa pausa, achei que apenas alguns dias me trariam novidades e seriam tempo suficiente para me sentir inspirado. Acontece que hoje, quase quarenta dias depois, eu vejo que foi um erro.
Não sei exatamente o que falarei aqui. Querendo ou não, muitas coisas aconteceram nesse período. Nada essencialmente inesquecível. Talvez umas lembranças que podem voltar em um dia qualquer, quando estiver dirigindo, trabalhando, contando meus dias aqui para meus filhos.
É lógico que, se eu fiquei tanto tempo sem escrever, algumas pessoas começaram a pensar que eu desisti, que eu estava cansado, que eu estava com preguiça ou qualquer outra coisa. O que aconteceu na verdade foi que eu entrei aqui todo santo dia, esperando vir uma fagulha inspiradora que me fizesse sentar a bunda em frente à tela de algum computador e só me levantasse quando ela estivesse formigando, os dedos doendo e a cabeça fervendo. Em vão.
Foi um processo tão repetido que só me ajudou a ficar com mais peso na consciência.
Poxa vida, como é que eu poderia ter perdido a inspiração de um dia para o outro?
Apesar de eu estar escrevendo aqui hoje, não me sinto inspirado. Acabei me convencendo que a tal inspiração me abandonou e que, se eu quiser manter esse projeto vivo, terei que abdicar do tesão por alguns minutos e ver se pego no tranco.
Da última vez que eu escrevi, até hoje, muita coisa aconteceu.
A paisagem, completamente diferente. Nunca me lembrei tanto das aulas de ciências e de geografia, onde as professoras ensinavam que na Europa as quatro estações são bem definidas. O verão foi bem quente, com algumas chuvas e com os dias bem mais longos que as noites. O outono chegou devagar, com os dias se encurtando e com as folhas secando e caindo das árvores com a ajuda dos ventos constantes. Hoje as temperaturas não passam de um dígito. Nevou em uma época do ano nada comum e o cachecol passou a ser um acessório tão importante quanto cueca e meia. Ouço o rádio todos os dias antes de ir trabalhar, só para saber a situação do metrô e a temperatura do momento. Comprei uma jaqueta à prova de chuva e vento pela metade do preço e a uso quase todos os dias. Agora o inverno está chegando e as previsões não são muito animadoras. Parece que o frio vem com tudo. Está escurecendo por volta das 16h e as pessoas estão começando a ficar emburradas!
Em relação à língua inglesa está tudo muito bem, obrigado. Agora a evolução é mais lenta, porém, mais sensível. O vocubulário está mais amplo, a gramática mais correta e o meu português imerso em anglicismos.
No trabalho, muitas novidades. Com a crise financeira que está abalando demais as estruturas do Reino Unido, houve muitos cortes nas horas de trabalho do pessoal do restaurante. Minhas horas continuam as mesmas, às vezes até cubro o horário de algum colega que tira folga. Para complementar a renda, continuo fazendo bicos. Fui mais duas vezes substituir meus amigos no Pub e comecei a trabalhar de garçom.
Aí vem um momento peculiar da minha jornada: o Gustavo me convidou para fazer parte de uma agência que contrata brasileiros para trabalhar como garçons em uma associação de "barbeiros-cirurgiões". Estranho, né? Pois então, trata-se de uma corporação de ofício fundada em 1308, que reune até hoje profissionais da mesma área com a função de controlar as leis e os direitos da classe. Mas o que os barbeiros têm a ver com os cirurgiões, 'pelamordeDeus?!' Naquela época, a sangria era um ritual muito utilizado no tratamento de divesas doenças e ninguém melhor que os barbeiros, muito habilidosos no manuseio das afiadas navalhas, para realizar o procedimento. Apesar de a medicina ter dado uns pulinhos adiante nesses útimos 700 anos, os caras continuam com o tal do "Barbers-Surgeons Guild" e contratam brasucas para servi-los em seus opulentos banquetes.
Atrás de grana e de mais uma experiência para o meu já adereçado curriculum, resolvi topar a brincadeira. Fiz a ligação para a responsável pela agência e marquei o meu primeiro evento. E foi um evento de peso. Trabalhamos num sábado das 7h30 até às 18h. E lustra talher, dá uma polida nas taças de cristal, prepara bebidas, enrola talheres nos guardanapos de pano... foi cansativo mas, valeu. Um fato curioso é que, por se tratar de um lugar cheio de frescuras e protocolos, eu tive de tirar minha barba e não podia usar brinco durante os eventos. Comprei um aparelho de babebear, tirei os brincos, comprei camisa branca na Primark por £3 e me vesti de garçom. Entrei no clima total. Primeiro dia, sucesso. Na quinta-feira seguinte já estava eu lá de novo. Nessa coisa toda, arrecadei £100. No evento de quinta, a primeira coisa que aconteceu foi sensacional. O grupo todo de garçons e garçonetes somava 17 pessoas. O gerente nos reuniu e começou a separar o pessoal em dois grupos. Chama um, chama outro, e nada do Fezinho ser anunciado. Começou a me bater uma certa desconfiança, que virou desconforto, que se tornou preocupação. Sabem o gordinho que vai pro campinho jogar bola com os amigos e é o último a ser escolhido? Pois é, esse era meu sentimento. Mas, logo tudo se desvendou com certa vantagem para mim. Fui designado para preparar as bebidas e ajudar a servir. Coloca vinho numa taça, água num copinho, arruma na bandeja e... 'Felipe, por favor, pegue a bandeja (com 30 taças de cristal caríssimo) e vá até perto da porta servir os convidados!' Pânico! Os caras definitivamente não me conheciam. Respirei fundo, dei a entender que algo poderia sair fora do planejado e fui. Pior do que o medo de tudo desabar, era o peso da bandeja a ser controlado com a tremedeira. Fiquei rezando para o tempo passar e ele passou. Ufa.
Me saí tão bem, que na semana seguinte fui convidado a trabalhar por mais 3 dias. O primeiro dia foi o sábado passado. Fui eu de novo e, dessa vez, o desafio era maior. O evento era um banquete menor, mais sofisticado e eu era responsável por uma mesa inteira. Caos! Fiz tudo o que podia mas, a pressão era enorme e não segurei a peteca como deveria. Servi a mesa numa boa, o problema foi tirar os pratos. Empilha, tira os restos, enfileira os talheres e tudo com o olho do chefe em cima. O cara é um caso a parte. É o verdadeiro "inglesinho de merda!" Do jeito que ele pensa e se expressa ao longo da produção do evento, fazendo caras e bocas, suando frio, coçando a testa e colocando a mão na boca, parece que ele é o Barack Obama pronto para administrar a Guerra do Iraque o Credit Crunch. Em determinado momento, ele veio até mim e me disse que essa era a última vez que eu trabalharia ali até que eu aprendesse a servir um banquete propriamente. Adeus, vida de garçom!
Uma coisa que tem tomado bastante o meu tempo, com muito prazer por sinal, é a organização da minha viagem de fim de ano. Para quem não sabe, meu irmão Lucão está vindo me encontrar em Amsterdam e nós iremos até Praga para o Natal, Roma e depois para o rèveillon em Barcelona. Ui, que problemão! Para aumentar a emoção, Gustavo nos acompanhará.
Falando em Gustavo, é com muito prazer que anuncio que nós dois voltaremos a dividir um teto depois de uma parceria de muito sucesso em São Paulo, nos lindos tempos de faculdade. A República Amnésia lançará no próximo dia 10 de dezembro sua sucursal em London. Estamos nos mudando para um quarto muito bacana aqui em casa mesmo. Teremos muitas histórias para contar!
Tenho mantido minha rotina de orações no máximo que posso e me sinto muito privilegiado cada vez mais pela oportunidade que estou tendo de passar este momento aqui.
Há alguns dias eu tive uma sessão de saudades. Foi a primeira bem forte que eu tive, mas me concentrei, rezei e fiz questão de confrontá-la lembrando de tudo que eu tenho aí. Minha família, meus amigos, meus lugares. As coisas que me esperam e que eu espero.

Acho que peguei no tranco e já atualizei bastante o período de ausência.
Agora vou deitar, já que minha bunda está formigando, meus dedos estão doendo e minha cabeça está fervendo.
Amo vocês, saudadona.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

No forno.

Tenho um monte de assuntos a explorar.
Nevou aqui, meu joelho dói, a temperatura não passa de dez graus e agora tem um violão aqui em casa. Foi aniversário da minha Buneca na praia... maior galera. A Má vai casar esse final de semana. O Obama vai fazer história amanhã. Mariolim completa 26! Uia!
Mas não estou NADA inspirado para colocar isso em palavras aqui. Mamãe disse: introspecção.
Não, não estou com preguiça. Não, não perdi a mão.
Estou bem, cansado e feliz.
Só estou esperando a oportunidade. E eu já vejo fagulhas quando tento colocar meus pensamentos em atrito com minha criatividade.
O tempo aqui passa rápido. O meu breve é um pouco diferente do que era antes.
Não vou colocar aqui idéias mal-passadas.
Amo vocês.
Beijo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Bem vindo, Vinícius.

Sábado passado o mundo ficou mais feliz.
Um filho lindo de pais maravilhosos veio à luz.
Parabéns, Ju e Wella. Que Deus coloque Sua mão e Sua luz no caminho dessa pessoinha e de vocês.
Que ele cresça num ambiente de amor e paz. Que as minhas melhores vibrações alcancem os corações de todos que estão compartilhando dessa alegria que é irmã da esperança que vem junto de uma nova vida.

Bem vindo, Vinícius.

Coisas que esqueci das semanas que não estavam aqui.

Ainda bem que nesses dias em que não escrevi aqui eu anotei no meu caderno os assuntos que deveria comentar.
Fui conferir agora e vi que esqueci de contar que vi o Josh Hartnet (se você não sabe quem é, procure AQUI) na saída dos fundos do teatro onde ele está encenando Rain Man em Piccadilly.
Esqueci de contar também que resolvi diminuir meia-hora por dia no meu trabalho para poder chegar pontualmente nas aulas do Advanced. O orçamento vai ficar (mais) apertado, mas com certeza fará diferença. Aliás, já está fazendo. Esses dois dias foram muito melhores!
O meu Oyster Card (passe de transporte estudantil) venceu há uma semana. Eu tinha mandado fazer a renovação mas, não chegou em tempo de me livrar de pagar a tarifa cheia. Uma facada! E aperta mais o orçamente. No entanto, já chegou a renovação e esta semana voltei a pagar a tarifa mais baixa.
Creio que é isso!
Amo vocês.
Beijos.

As semanas que não estavam aqui.

Antes de tudo, apenas para saciar a curiosidade daqueles que se perguntaram durantes as últimas duas semanas e meia que se passaram sem que eu viesse com nenhum texto por aqui questões como "Por onde anda o Felipe?", "Será que ele desistiu?", gostaria de dizer que eu não escrevi aqui por que não tive a oportunidade nem o ambiente propícios para tal. Muita correria no trabalho, poucas horas vagas diante de um computador, cansaço físico e mental e falta, quase total ausência de inspiração.
Isso não quer dizer que eu não tenho novidades nem que perdi o interesse em contar aqui o que se passa.
Dúvidas esclarecidas, críticas a parte, aqui vai o resuminho.
Duas semanas atrás foi aniversário do meu Paizão, meu irmão mais velho estava em Santiago a trabalho e meu mais novo estava no internacionalmente conhecido Sul de Minas. Nos comunicamos com muita freqüência e isso ajudou a dar uma animada nos dias que estavam chatos. As aulas estavam começando a ficar chatas e o trabalho muito repetitivo. Até que na sexta-feira, dia 10, tive duas novidades animadoras. A primeira era que o meu salário tinha sido aumentado em 30p por hora, a outra que eu teria um teste para tentar mudar de nível. O salário já viria um pouco mais alto naquele mesmo dia, não fossem os descontos referentes ao dia que faltei para ir àquela entrevista na Boots (opção), que não deu em nada, e uma hora de atraso de um dia em que esqueci de ajustar o despertador. Porém, essa sexta já sentirei a diferença.
Depois de um dia de boas novas, recebi uma visita especial. O Gustavo veio aqui em casa e nós fomos a um PUB bem bacana aqui do lado. Batemos muito papo, conhecemos uma australiana meio louca e sentamos em uma mesa compartilhada, coisa bem comum aqui. De repente, percebemos que a menina ao nosso lado era brasileira. O namorado dela é inglês, mas fala português fluentemente. Depois de muita conversa, o PUB fechou e decidimos ir para a casa deles que, segundo eles próprios, ficava a apenas 10 minutos de caminhada de lá. Andamos duas quadras e eles resolveram pedir um táxi. Perguntamos o porque e eles disseram que era só pelo cansaço mesmo. Entramos no táxi e andamos 10 minutos. Na terceira curva já tinha me perdido. Mas valeu a pena. A casa era bem aconchegante, a turma bacana e o papo de alto nível. Saímos de lá perto das 4h, de carona no táxi da irmã do garoto. O problema era que nem Gustavo, nem eu tínhamos um puto furado no bolso. Quando vi que a casa dela era do lado da minha, informamos a situação financeira e descemos ali mesmo. O Gustavo dormiu aqui e foi embora no sábado a tarde. Sábado dormi bastante, estudei, arrumei minhas coisas e descansei. No domingo o Gustavo veio para cá de novo e nós ficamos batendo papo. À noite descobrimos que o PUB aqui debaixo de casa iria transmitir o jogo do Brasil e tocamos para lá com o pessoal de casa. Nada de cerveja, vitória do Brasil e a agonia de esperar pela segundona.
Segunda e terça-feiras extremamente corridas no trabalho. Mas, valeu! Quarta-feira recebi o teste com 100% de acerto, incluindo a redação, e a notícia de que nesta segunda estaria no Advanced. Ufa.
Quinta-feira bem tranquila. Na sexta-feira, porém, tive que chegar um pouco mais cedo no trabalho para ajudar em um pedido bem diferente de uma empresa. Eles encomendaram 127 saladas e 90 sopas para o horário do almoço. Boa oportunidade de mostrar serviço. Correu tudo bem mas, cansei demais. Além de preparar as saladas e as sopas, ajudei a fazer a entrega. Um dia lindo, muito frio, e eu correndo pelas ruas cheias de executivos com um monte sacolas em uma mão, um carrinho com cestas na outra, muita concentração e tudo com o chefão do lado. Valeu. Não erramos em nada, consegui trocar umas idéias com o chefe e ainda voltei para fazer saladas da maneira normal. Mais um dia igual de volta. Nem fui para a aula depois disso, já que o professor ia dar um teste para o pessoal novo do meu - agora - antigo nível.
Aproveitei para descansar.
O sábado foi muito bom! Primeiro, porque eu fui até a casa da Joanna, uma amiga minha de BH que mora aqui e trabalha de babá em uma casa de família. Ela estava comemorando o aniversário dela da maneira mais mineira possível: feijoada, pão-de-quieijo, caipirinha... me esbaldei! Acho que estou tão acostumado com o ritmo de saladas que fiquei pesado até ontem.
Quando estava no metro vindo para casa, meu celular tocou. Era o Gustavo, me convidado para encontrá-lo em Camden Town, pois o Gauch, nosso amigão da época de faculdade, estava lá com ele. O Gauch trabalha na Unilever está viajando pelo mundo por um projeto do qual ele faz parte. Passou por aqui duas vezes nas últimas 3 semanas. Não poderia perder a oportunidade. E não perdi. Nos encontramos na ponte sobre o canal de Camdem e fomos escolher um PUB. Estava com eles também a Carol, amiga e colega de trabalho do Gauch. Andamos um pouco e avistei um lugar que parecia ser bem bacana. Entramos e a decoração era meio intimidadora, com sofás de couro, meia-luz e tal. Mas foi só subirmos as escadas e encontramos uma varandinha bem gostosa, alguns bancos de frente ao balcão e, pronto. Haja conversa.
Ficamos lá até umas 3h, dançamos muito e colocamos todo o papo em dia. Que momento!
Para fechar com chave de ouro, o metrô estava fechado e não tínhamos a menor idéia de como ir para nossas casas. Solução: cartão corporativo e táxi! Primeira vez que andei num táxi aqui. Daqueles bem tradicionais, com muito estilo.
Domingo acordei tarde, lavei roupas, acompanhei meu tricolor dar um sufoco na porcada, o gaymio começar a entregar o campeonato e depois dormi.
Ontem mais uma semana começou. E já é quase quarta-feira...
Sinto muitas saudades de vocês.
Já incorporei muito do estilo de vida daqui. A língüa já não é mais nenhuma barreira, as surpresas quase já não existem. Mas eu tenho certeza que a escolha foi a certa!
Espero que não fique tanto tempo mais sem dar um alô.
Desculpem a ausência.
Amo vocês.
Saudadonas.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Coming up:

Desculpem-me, estou em falta!
Em breve as novidades e "Retrovisor".
Amo vocês.
Saudadona.

domingo, 5 de outubro de 2008

Parabéns, Paizão!

Parabéns, Paizão!
Te amo muito!
Que Deus ilumine seu caminho e te dê todas as bênçãos que você merece!
Meu abraço vai em forma de palavras e vibrações!

Beijos.

Pequenas misérias da vida.

A vida aqui está boa. Uma beleza.
Uma coisa que eu não posso deixar passar é que eu estou vivendo muito mais situações do que eu havia imaginado antes de vir. Antes de viajar eu esperava muitas coisas: ver pessoas diferentes, falar um idioma diferente, trabalhar, e nada mais vinha na minha cabeça.
É muito difícil lembrar coisas fáceis quando precisamos fazê-lo. Quando alguém chega e nos pergunta quais as nossas comidas preferidas, as cidades que já visitamos, a última vez que fomos a uma quermesse e outras coisas do gênero, falhamos em dar certeza. Também nas ocasiões quando queremos escutar uma música boa, ler um bom livro, ver um filme, não conseguimos escolher um sequer. Não conseguimos achar em nossa cabeça um exemplo de algo que gostamos demais. Talvez mais tarde, quando não fosse mais necessário, aparecem mil opções para cada uma dessas coisas. Mais tarde, nunca tarde demais.
Estou passando por coisas típicas de dia-a-dia aqui. Agora já me posicionei na Rosa-dos-Ventos, conheço as ruas, percebo quando vai chover, sei onde pegar os ônibus. Já reconheço as pessoas que estão no ponto, no mercado, na lan house, no metrô. Mas essas são coisas que eu já imaginava que fossem acontecer. Assim como ver belos parques e edifícios, monumentos e templos, eu imaginava ver cores e sentir cheiros diferentes. E isso acontece mesmo.
O que acontece é que coisas dão errado aqui também.
Apesar de me sentir em casa, aqui está longe de ser um lar. A gente fica doente igual, fica mal humorado, irritadiço e decepcionado.
A semana que passou foi um exemplo bom. Além de o trabalho ter sido bem chato por causa da constante companhia da gripe, todos os dias um ou dois membros da equipe faltaram, o que causou um grande aumento na demanda de serviço e paciência.
Além disso, Junior e eu tivemos uma discussão besta por causa de política e ele, por orgulho, ainda não está falando comigo. Eu gosto muito dele, entendo sua posição e espero que logo isso passe. Ele ainda tem muita coisa pra aprender e está aprendendo muito. Aliás, quem não precisa aprender?
Quando tudo já estava meio chato, a grana ficou curta. Um bom motivo para eu trabalhar mais no PUB e ficar mais sossegado em casa no final de semana.
Sexta-feira saí do restaurante, passei na escola, vim para casa e descansei um pouco. Comi a segunda parte da minha salada, tomei um banho, me cobri de todas as maneiras possíveis e fui para o PUB. Chegando lá, percebi que tinha um cara que não estava lá no dia em que trabalhei pela primeira vez. Fiquei na minha e fui até o escritório do manager para levar meu passaporte e um questionário que ele havia ma dado na semana passada, onde coloquei dados pessoais e a conta onde minha grana deveria ser depositada toda a semana. Ele me tratou super bem, foi comigo passar meu cartão e me designou para algumas tarefas. Fui trabalhando, até o momento em que o Felipe me contou que aquele cara estranho era o mesmo que havia desistido de trabalhar lá e a quem eu estava substituindo. O cara tinha simplesmente sumido na semana anterior, tinha falado para o Felipe que tinha arranjado coisa melhor e deixou todos na mão. Por isso eu fui chamado.
O clima estava normal, a balada começando a pegar fogo, quando Felipe me chama e diz que a manager falou com ele e pediu que eu fosse até o escritório. No caminho encontrei com ela. Ela me disse que o cara tinha ido no PUB durante a semana, pedido desculpas e tal e reclamado a vaga dele de volta. Ninguém me ligou, nem tampouco avisou ao Felipe ou ao Junior. Fui obrigado a pegar minha trouxinha, dizer tchau e vir para casa. Pelo menos o metrô ainda estava aberto e cheguei em casa antes da meia-noite. Estava tão cansado que nem fiquei tão triste.
A vida nos apresenta pequenas misérias. Elas vêm como uma maré de azar. Tudo parece dar errado. Acontece que aqui eu sou minha própria muleta. E o mais marcante é que o ambiente, - paisagem e clima - combina com as pequenas misérias. Os prédios velhos, idiomas hostis, o céu cinzento e um frio danado. Se o cara não tomar cuidado, ele cai.
Mas eu estou forte. Não sinto medo de nada disso. Só consigo enxergar adiante. Espero mesmo pela bonanza. Sei que tem coisa boa reservada para mim.
Tenho me mantido sereno e confiante. Deus me ajuda muito.
Nesses testes é que percebemos o quanto o nosso limite de resistência é muito maior que o que costumamos pensar que é. Talvez por dois motivos: ou estamos abalados por coisas pequenas ou nos sentimos pequenos perto das coisas que tentam nos abalar. A atitude certa é nos apoiarmos na nossa fé e crescer através dela.
Essas pequenas misérias estão no nosso cotidiano e se apresentam de muitas maneiras. Pode ser através de uma dor nas costas, de uma briga, de uma decepção pessoal ou profissional. Podem vir na forma da saudade, da solidão ou do medo.
Mas a saudade é adubo pro amor. Nossas lágrimas na solidão estão regando nossa vida de emoção e o medo, quando superado, se transforma na coragem para vencer cada pequena miséria que desafia a beleza de viver.
Saudadonas.
Amo vocês.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Segundo serviço e Londres de cima.

Desculpem por mais uma semana sem novidades. Foi a correria que me afastou daqui.
Ensaiei escrever anteontem e ontem mas, não me sentia inspirado. Para ser honesto, ainda não me sinto. Porém, me sinto na obrigação de não abandonar esse projeto.
Semana passada eu tive uma entrevista numa rede de farmácias muito famosa aqui, a Boots. Tive de dar uma desculpa para não ir ao trabalho na terça-feira e fui para a entrvista. Para ser convidado a ser entrevistado, tive de fazer uma prova pela internet. Muito parecida com aquelas intrermináveis provas dos processos de trainee que fiz ainda no Brasil. Na entrevista, o gerente disse que o processo era sério, que muita gente tentava ser entrevistada mas que poucos conseguiam. O mesmo papinho de RH que ouvi muito por aí. O mais engraçado é o momento em que eles dizem "Só fato de estar aqui já é uma grande vitória." Esperei por três dias a resposta e nada. Cabeça erguida!
Quinta à meia-noite caiu meu salário. Tive que ir até o banco 24h perto de casa para poder sacar o dinheiro para colocar o aluguel em dia. Ufa, foi quase tudo.
Porém, na sexta-feira à noite o Júnior, meu vizinho, me ligou dizendo que tinha aparecido uma vaga de última hora no PUB onde ele e o Felipe, o outro vizinho, trabalham. Topei, mas disse que só poderia começar no sábado, já que na sexta eu iria na despedida do Benê. Ele estará chegando em São José muito em breve. Valeu pela força aqui, Benê!
A despedida foi ótima. Ficamos num bar em Picadilly e depois fomos a uma balada por ali mesmo. Muito divertido.
Sábado acordei tarde, bem descansado. Fui ao supermercado e fiz um almoço bem gostoso.
O resto do dia passei bem tranquilão, esperando a hora de trabalhar chegar.
O PUB é gay. Sabendo que somos funcionários e percebendo que todos somos heteros, os caras nem mexiam com a gente. O clima de trabalho é bem tranquilo, a música é boa e não há muita dificuldade em catar copos, lavá-los, secá-los, guardá-los e repetir esse processo durante as 5h de turno. Os meninos recebem sempre em dia e a grana que vai entrar agora somada ao meu salário do restaurante estará bem próxima daquilo que eu pensava ser o ideal assim que cheguei aqui. Trabalharei então no restaurante de segunda a sexta e no PUB de sexta e sábado.
O bacana é que vou para o trabalho com o Junior e na volta estamos os três juntos.
Domingo foi o último de sol até sabe-se lá quando. Portanto, decidimos ir até a London Eye, a roda-gigante estrategicamente posicionada à beira do rio Tâmisa e com vista para os principais pontos da cidade. Chegamos lá por volta das 15h e nem enfrentamos fila. Valeu muito à pena.
Depois de lá voltamos para casa, assistimos o jogo do Inter x Grêmio e depois cama.
A semana mal começou e já está na metade. Uma doideira.
Estou gripado. O tempo é muito doido aqui. Eu me alimento muito bem, me cubro o máximo possível, mas a cidade inteira está com os olhos marejados e os narizes vermelhos. Atchim e cof-cof no metrô, na rua, no trabalho, no busão. Paciência.
Comprei um chá do tipo Vick, com paracetamol, uma pastilha para a rouquidão e um descongestionante nasal. Agora é só esperar e me cuidar mais.
Pai, mãe, vovós e etc, acalmem-se, é só uma gripe. A garganta está intacta, mas estou atento.
A temperatura não está passando dos 15 graus, mas a sensação térmica não é das piores.
Vou para casa agora aproveitar que a TV aberta finalmente vai passar um joguinho de futebol ao vivo!
O Junior vai levar meus documentos xerocados hoje no PUB e amanhã já devo receber uma graninha de leve.
Tudo indo muito bem aqui nas estranjas.
Saudades de vocês. Mas, como eu disse a uma amiga agora há pouco, quanto mais eu gosto daqui, mais eu gosto daí!
Amo vocês.
Saudadonas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Festa estranha...

Depois de uma super semana de trabalho, nada mais justo que uma festinha para relaxar.
Durante toda a semana a Tati, supervisora da minha loja, estava fazendo uma baita propaganda do churrasco do pessoal das lojas da rede, que ia ser na casa dela.
Ouvi muitos falando que não iam e outros estavam em dúvida. A Magna, minha vizinha e companheira de trabalho, me disse que as festas costumavam ser boas na casa da Tati. Já que eu tinha referência de alguém conhecido e não tinha absolutamente nada a perder em ir a um lugar com um monte de gente diferente, decidi ir.
Passei o sabadão em casa lavando roupas, arrumando o quarto, batendo papo com meus vizinhos e esperando a hora chegar.
Quando o relógio marcava 22h saí de casa com a Magna em direção ao churrasco.
Chegando lá, me deparei com uma casa bem parecida com a minha, lotada de gente. O som era forró nordestino. As comidas eram bem simples. Uma espécie de torta de palmito sem a torta, só o recheio. Uns ovinhos de codorna meio verdes, um pão de alho e muito, muito churrasco. Coraçãozinho, umas carnes, frango. Muita coisa mesmo.
Como eu não sabia se ia ter comida ou não, resolvi comer em casa antes de sair.
O pessoal da festa era todo brasileiro. Já tinha ouvido falar que tem muita gente aqui que vem para fazer a vida mesmo. Talvez por eu estar convivendo com o pessoal da escola e, por coincidência, a maioria do pessoal do meu trabalho ser de estudantes que estão ali para ganhar dinheiro para pagar as continhas básicas e viajar pela Europa, não tinha tido contato com o pessoal que estava ali na festa.
É gente muito trabalhadora. Eles vêm com o projeto de ficar o máximo de tempo que der, mandam dinheiro para a família, viajam por aqui e vão ficando.
Me senti meio ET ali. Mas foi mais uma aventura. Me enturmei, como de costume. Ouvi todos os tipos de histórias.
A festa em si foi muito estranha. Acho que o Renato Russo escreveu um pedaço de "Eduardo e Mônica" inspirado no que eu passei ali.
Do trabalho mesmo, ninguém foi! Uia!
Falando em trabalho, está começando a aparecer uma ou outra coisa para o projeto Segundo Serviço. Torcida, galera!
Começou mais uma semana, mais um mês para mim e mais uma estação.
Com medo do frio ou não, minha aventura está sendo muito bacana.
Amo vocês.
Saudadona.

Releituras com cuidado.

A semana passada foi realmente devorada pelo tempo.
Segunda a sexta sem mudanças muito significantes. As únicas coisas que estão muito diferentes são o tempo e a temperatura. Já está escurecendo perto do horário normal (para mim) e o frio está começando a dar as caras. Brrrrrrrrrrrrr...
Eu já queria há muito tempo ter feito uma lista de desmistificação das coisas inglesas e vou tentar enumerar aqui algumas coisas que não batem em nada com aquilo que havia escutado antes de vir.
O Big Ben não é pequeno. Aliás, o Big Ben não é nem o relógio mas, o sino que badala dentro dele. E, tanto a torre, quanto o sino, são bem imponentes.
O inglês é muito sério sim, mas conheci alguns muito simpáticos e educados.
Eles são pontuais mas, em muitas oportunidades, já vi gente correndo com cara de sono e ressaca pelos corredores do tube. Além disso, os trens se atrasam constantemente, atrasando, assim, os tão pontuais ingleses.
O Rio Thames é sujo. Não é um Tietê, claro, mas, vendo bem de pertinho percebe-se que ele está longe de ser um viveiro de peixes felizes. Vez ou outra ainda rola um bodó!
Lembrei de falar sobre estes mitos porque aqui foi lançado um que eu não duvido, mas adoraria que fosse falso. Todos falam do frio aqui com uma dor que só vendo. Dizem que é para eu me preparar, pois a luz do dia vai embora às 15h e que o frio ataca mesmo. Dóem os dedos, os pés, as juntas. O que será do meu joelho?!
Fora isso, os dias aqui estão cada vez mais comuns. Hoje se completam 3 meses que eu saí de casa. Uma beleza! Um marco a ser comemorado e lembrado. Mesmo já tendo tido a experiência de morar fora de casa, a vida era uma moleza. Tinha dinheirinho na conta, cartão de crédito, a Gi para lavar, passar e engomar as minhas roupas todo santo final-de-semana. Qualquer saudadezinha era resolvida no máximo em uma hora de viagem e o valor das coisas era diferente.
Agora não. Agora, além de eu estar a milhares de milhas de casa, além de ter que fazer muita salada para pagar minhas continhas, sou diferente.
Ontem estava conversando com o Gustavo em Camden Town. Foi uma conversa bem bacana. Percebi o quanto ele está animado com a mudança brusca na vida dele. Como é de costume nele, qualquer coisinha o deixa deslumbrado. Aqui não é diferente. O fato de ele ter de lavar as roupas, fazer as compras e as comidas, ficar com a mão toda vermelha e machucada de tanto carregar peso e lavar copos, estão servindo de combustível para ele. Quem duvidava que ele conseguiria, pode esperar para encontrar outra pessoa em alguns meses.
Ficamos conversando por algumas horas e chegamos em um ponto que começamos a reler nossos últimos anos. Foi uma releitura muito difícil. Passando por confidências e analisando nossa postura nos últimos 3 anos, ficamos com um aperto comum no peito.
Agora falarei por mim.
Esse aperto me veio bem forte. Vi a quantidade de coisas que eu deveria ter feito diferente. A quantidade de erros que eu cometi, decisões erradas e atitudes lamentáveis. Pessoas que poderia ajudar e pensamentos simples que poderiam ter evitado que eu tomasse decisões e agisse de maneira errada.
Quando percebi que estava começando a sofrer com a releitura e o Gustavo também, me veio uma luz bem boa e uma energia me despertou.
Falei para ele que é importante fezer esse precesso de "voltar a fita" mas, é preciso ter cuidado demais. Esse processo machuca e pode nos levar a um lugar indesejável. O essencial é reparar que a capacidade de perceber os erros já é um sinal de mudança para frente. Agora eu me sinto munido de força de vontade para fazer diferente. Investir minha energia em coisas construtivas. Ajudar a quem precisa e tentar sempre melhorar. Me assusto um pouco em ter já 25 anos, mas sei que é muito pouco. Eu fico tão aliviado em saber que posso ter adiante muitas oportunidades para fazer diferente.
Continuarei fazendo releituras e, sempre que possível, perceberei que, por mais que esteja falando de mim, sou diferente. O tempo está passando e não quero deixar isso acontecer em vão.
Vamos todos tentar dar uma olhadinha para trás e perceber que nunca é tarde para mudar. O arrependimento existe e deve ser visto como uma oportunidade de perdão. Uma oportunidade de fazer diferente.
Mas é preciso cuidado. Não se pode deixar o sentimento de culpa passar por cima e derrubar todos os processos construtivos que levam à releitura. O passado pode ser referência para o bem ou para o mal mas, ele não será mudado por nada, apenas podemos construir agora e, no futuro, sermos melhores.
Amo vocês, saudadona.

domingo, 14 de setembro de 2008

Cool.

Quarta-feira foi tranquilona. Trabalhei à beça mas, não foi nada além do esperado. Entrou mais um cara para substituir o Amauri, meu amigo que saiu. Agora são cinco colombianos e só eu de brasuca. Que beleza! Mais serviço para mim. Saí de lá para a aula e vim para casa.
Quinta-feira eu estava aliviado por saber que à meia-noite eu receberia o salário das duas semanas anteriores. Como dei uma ajustada nas contas e tinha comprado coisas de primeira necessidade na semana anterior, tinha £5 para passar toda a semana. Foi tranquilo até, já que o que eu tinha de reserva na despensa me alimentou bem demais e não gasto com almoço e transporte. Nada de perrengue, mas mais um sinal evidente de que eu tenho que arrumar um outro trampo.
Sexta-feira, grana na conta. Saí da aula e fui comprar um tênis, já que o meu querido Shox morreu. Sem sola e totalmente torto, estava merecendo um final digno. Sem poder fazer extravagâncias, fui atrás de algo simples e barato. Dei sorte. Encontrei uma promoção na Lillywhites, uma loja de esportes gigantesca em Picadilly. Só tinha tênis feios. Até que ali, no meio dos 43, vi um Adidas bem estiloso. Sem caixa, ele olhou para mim e disse, "Me compra!". Pensei, analisei. Totalmente fora do meu estilo, mas me deixou bem cool. Da loja eu fui para casa apenas para tomar banho, já que ia sair com um pessoal. Fomos até o O'Neils de Leicester Square, a melhor baladinha que fui desde que cheguei. Gente bonita, cervejinha gelada e música de primeiríssima qualidade.
Ficamos lá até umas 3h da manhã e depois busão para Willesden Green.
Aparte do meu cabelo cada vez maior e da minha barba ruiva, no sábado eu fui colocar meu outro brinco. Ficou bem legal! Estou me tornando um James, inglesinho de merda!
Fui ao supermercado, repus tudo o que estava faltando - e estava faltando tudo.
À noite fui com a Magna, a Cami e a Vivi até o Barcode, o pub onde o Felipinho e o Junior trabalham. Apesar de ser um lugar muito gay, a música era boa demais, as bebidas eram acessíveis e estava muito bem acompanhado por belas mulheres. Os gays não mexem com quem está quieto e mulher bonita espanta os caras. Sossegado.
Hoje acordei tarde, fiz mais um strogonoff de porpeta e fui para o The Mayor’s Thames Festival e agora vim atualizar o blog.
Vou fazer minha oração de Domingo e dormir. Mais uma semana para o tempo devorar começa amanhã!
Amo vocês.
Saudades.

Livre.

Como seria a vida sem as referências?
A tendência geral de analisar as pessoas sempre a partir de comparações que o senso comum nos dita como regras pode também nos deixar míopes e, pior, tirar da gente a liberdade de obter a sensação integral de um julgamento genuíno.
Concordo que seria muita arrogância e perda de tempo querer analisar cada coisa de maneira autêntica, recusando tais referências. Porém, ficar reprimindo nossas impressões e opiniões originais tira um pouco da graça de ser indivíduo.
Hoje eu fui ao The Mayor’s Thames Festival, um super evento que celebra o Rio Tâmisa através de apresentações ao ar livre e de uma grande feira livre. Tudo pra um monte de gente livre.
Eu me senti assim lá no meio da multidão. Para começar, Camila e eu paramos num palco bem na entrada do Jubilee Gardens, um espaço gramado à beira do Tâmisa e bem debaixo da London Eye, a super roda-gigante. Lá tinha uma banda que tocava um som bem engraçado, animado. Além das figuraças que eram os músicos, os espectadores davam um show de dança. No ritmo, mas sem a menor noção estética, eles requebravam o esqueleto, sem vergonha. A primeira coisa que me veio na cabeça foi admiração pela liberdade daqueles que estavam chamando mais atenção que o show da banda. Mas logo me veio a idéia de que aquilo era ridículo. Como aquelas pessoas poderiam ter coragem de se expor ao ridículo de mostrar que não sabem dançar? Mas, pera aí?! Que padrão que eu estava usando?
Foi então que eu parei para reparar e me fiz a pergunta que iniciou o texto.
As minhas referências disseram que aquilo era fora do aceitável, entrando em confronto intenso e direto com a minha sensação original. Eu tinha achado super bacana de primeira mas, porque eu tinha uma opinião concebida sem muita análise, eu parei de achar bacana.
Tinha uma menina fazendo uma dança muito esquisita. Ela não estava no ritmo, estava com um jeitão de doida e ainda era meio desengonçada. Mas a alegria que ela estava exalando e a sensação de bem-estar que ela estava emanando eram mais evidentes. Ela estava livre.
Na realidade, todos ao redor dela estavam na mesma vibração. Gente de todas as idades, os pares mais improváveis. Um velhinho meio manco, um casal de idosos na maior sintonia. Todos entregues à maneira mais simples de se ser livre e feliz.
Com meu celular a postos, filmei boa parte desse episódio.
Depois de dar muita risada, fomos até um outro palco e nos deparamos com uma coisa muito legal. Era uma apresentação de le parcour. Se trata de um esporte que consiste em fazer percursos urbanos de maneira bem arriscada e utilizando manobras que dão pontos aos competidores pelo nível de dificuldade. Subindo muros e descendo deles, pulando de telhado em telhado e dando cambalhotas e mortais, os caras deram um show. E tudo sem proteção.
Saímos de lá e fomos beirando o rio, onde estavam dispostas várias barraquinhas de artesanato e afins. Objetos de decoração, bijouterias, roupas, acessórios, quadros, caricaturas, postais, música o vivo, livros, comidinhas, etc. Fomos andando e batendo papo, vendo a noite cair, assim como a temperatura, apreciando o movimento intenso de gente de todo o mundo. Quando nos demos conta estávamos bem longe de onte partimos. Mas valeu. A volta é sempre mais rápida que a ida.
Ainda encontramos com um desfile de fantasias e, na hora em que estávamos chegando, com um grupo de Hare Krishnas. Animadíssimos, eles colocaram todos para dançar e cantar aquele hino que todos conhecem. Muita energia positiva.
Quando já estava super contente, me ligam meus irmãos e meu paizão. Eita saudadona boa!
Conversei com os três, contei as novidades e ainda tive notícias do futebol em tempo real. Dá-lhe Tricolor.
Energias boas carregadas, voltamos para casa.
Sempre me senti um cara feliz. Continuo assim. O que está acontecendo agora é que eu tenho vivenciado e percebido que as coisas mais simples da vida são suficientes para manter a felicidade. E, melhor que isso, elas são de graça e não dependem de nada além da nossa busca por elas e pela intenção de espalhá-las ao nosso redor.
Ser feliz, ser livre, amar, perdoar, ajudar, aceitar ajuda. Perguntar e responder. Dar afeto e buscar nele um alento que só se tem ali.
O caminho do bem é longo e largo. Tem buracos e curvas. Rotatórias e desvios.
Mas nele tem espaço para qualquer um que queira ser livre e feliz.

Amo vocês.
Saudadona.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Semana igual e final de semana com strogonoff de porpeta.

Semana passada foi muito igual às outras.
O meu trabalho tem me cansado muito mas, ao mesmo tempo, eu estou cada vez mais acostumad a ele. Já comecei a gostar mais dos trabalhos braçais e os faço na metade do tempo que costumava a gastar no começo.
Segunda-feira inglesa também tem cara de segunda-feira. Terça-feira é o dia mais corrido lá na loja. Quarta-feira eu costumo sair da escola, vir para casa lavar roupas e esperar para ver algum jogo de futebol aí do Brasil.
Quinta-feira é dia de recolher roupa e tentar relaxar o máximo possível e sexta é sexta!
Por recomendação do meu professor, eu tenho procurado ler mais em inglês. Aqui em Londres tem muito jornal vagabundo. No melhor estilo tablóide, na entrada do metrô ficam centenas de indianos, "sri-lankenses" e etc, oferecendo jornais que cultuam os crimes horrendos, os comportamentos bizarros das celebridades e a vida esportiva do inglês. O problema é que, além do conteúdo pobre, a lingüagem informal e cheia de abreviações e gírias destrói dias e mais dias de trabalho árduo!
Comprei então uma revista Newsweek que explica detalhadamente a guerra entre Rússia e Geórgia e conta a biografia do Barack Obama. Já li a revista inteira e, com a ajuda do dicionário que eu ganhei do meu amigo Satish, irei reler e tirar todas as dúvidas que eu encontrei ao longo da leitura.
Meu inglês está sensivelmente melhorando. Já consigo usar melhor o que eu tenho aprendido e tenho cometido poucos erros em conversação. Semana passada fiz um teste escrito e errei muito pouco também.
No sábado aproveitei para descansar e cozinhar. Como a carne aqui é muito cara, comprei porpetas. Cortei-as em quatro partes e fiz um strogonoff de porpeta. Eu como salada de segunda a sexta, não posso reclamar. A comida é saudável e gostosa, mas mereço no final de semana dar uma variada. Uma delícia.
A noite fui a um pub em Canary Wharf, o novo centro empresarial de Londres. O lugar é muito lindo e moderno, um grande contraste na paisagem. Ficamos pouco tempo mas valeu o passeio. Arejou.
Domingo acordei tarde também, assisti a corrida de F1, almocei a segunda parte do strogonoff e depois tomei umas geladinhas com o Junior, já que não fazíamos isso havia muitos dias.
Ontem eu não fui à escola por uma boa causa. A Camila, minha vizinha, trabalha em um restaurante português bem famoso aqui em Londres. Acontece que ela já está lá há um mês e não recebeu um pence. O combinado e o trivial aqui é o pagamento ser feito semanalmente. Como ela fala pouco inglês me pediu para ir com ela para ajudar a descobrir o que passa. Entrei no restaurante com ela e demos de cara com o dono. Me apresentei como primo dela e questionei a situação. Subimos ao escritório e o homem fez uma correria atrás de documentos e comprovações de que o erro não era deles. Insistiu, fez tudo na minha frente. Eu marcando em cima. Depois de quase uma hora de conversa tensa, descobrimos que o erro grotesco foi cometido por algum dos gerentes. Problema resolvido.
Hoje fui à aula e meu porofessor pediu o meu Progress Book, um livro de acompanhamento do meu progresso, literalmente. Ele fez umas anotações e deu a entender que a recomendação era para a minha mudança de nível, porém hoje terminava um prazo para mudanças. Provavelmente isso ocorrerá em duas semanas.
Continuo meu movimento em busca de um segundo trabalho. Os resultados eu conto assim que tiver novidades. Só posso dizer que estou firme, calmo e confiante.
Saudades de todos.
Amo vocês.

P.S.: Leiam o texto a seguir.

Cativar, ser responsável e resiliente.

Eu tenho escrito aqui muito pouco, eu sei.
É um verdadeiro tiro no pé pra quem estava alcançando proporções tão grandiosas dada a humilde estimativa durante o processo de criação deste espaço.
Mais do que isso, eu criei aqui um porta-palavras que reune muito de mim e passa adiante - ou tenta passar - um pouco das coisas que eu sinto enquanto vivo essa aventura.
Sei que alguns textos têm sido lidos por bastante gente. Já recebi elogios e comentários por cada um deles. Realmente, cuido muito para que os textos saiam de maneira que vocês se transportem para o lado de cá do oceano. Escrevendo e relendo eu sinto a presença de vocês aqui.
É assim então, juntando todos estes fatos, que eu percebi que cativei a atenção e o carinho de vocês.
E como Antoine de Saint-Exupéry maximizou, cabe a mim a eterna responsabilidade por aquilo que eu cativei.
Sabem quando alguma coisa que pode ou deve ser resolvida e a gente sabe disso - e por um monte de motivos que são indivisíveis, já que a gente não consegue citar um separado dos outros - e enquanto não a resolvemos ela incomoda tanto que chega a tirar um pouco a cabeça das devidas atenções?
Sabem também quando, não bastassem as pressões internas, ainda aqueles que você cativou começam a questionar a falta de comprometimento com a sua causa, que agora é deles?
Enfim, aí que entra a resiliência.
Não existe razão para eu querer tirar de mim essa responsabilidade.
Existem tantas responsabilidades que nos preocupam e nos incomodam de um jeito ruim. Elas realmente preocupam e incomodam porque no fim das contas o resultado do nosso comprometimento não nos dá a sensação de que valeu à pena fazer tanto esforço.
Por outro lado, a responsabilidade que eu tenho aqui é deliciosa. Eu fui atrás dela por caminhos naturais. Foi uma seqüência deliciosa de fatores, uma trilha que eu fui desbravando até encontrar ali a minha paisagem, o meu sossego, a minha responsabilidade.
Encontrei em mim este lado resiliente no processo de auto-descoberta que eu tenho feito nos últimos anos. Olhando para a minha vida e lendo minha história eu vi que nas situações onde eu me vi sob pressão fiquei ali, com medo mas firme. Encarei e esperei ver o que ia dar. Os objetivos eram alcançados, alguns com uma margem de sorte considerável, mas minha postura firme sob pressão me fez viver tais situações por completo.
Aqui estou eu hoje, quase dez dias depois de ter escrito meu último post, fazendo um texto com cara de mea culpa mas que certamente é uma síntese de uma parte importante do meu atual momento.
Foi muito fácil tomar a decisão de vir pra cá, uma vez que querer uma coisa boa é mais fácil que piscar os olhos. Difíceis foram os momentos que antecederam a minha partida, foi ouvir a contagem regressiva do meu irmão mais novo, ver a apreensão dos meus pais e principalmente sustentar a responsabilidade de dar esse passo em direção a uma vida desconhecida, mas que eu pedi. Uma vida diferente e que exigiu de mim simplesmente me transformar num catalisador de emoções. Tudo o que era dúvida e medo eu tinha que transformar em energia para sustentar a tal responsabilidade sem poluir o meu meio-ambiente. E isso me fez forte.
Hoje eu vejo que, apesar da enorme responsabilidade que é ter esse espaço e colocar nele as coisas que interessam àqueles que eu cativei, posso colocar aqui a verdade.
Peço perdão a quem deu de cara com a falta de atualidades e que, com razão, perdeu um pouco do interesse pelo blog.
Mas tenho certo que a vida aqui é rotina mas não perdeu a cor. A saudade é estável mas existe.
Se você leu esse texto e me entendeu, obrigado. Volte sempre aqui, vou me esforçar para ao menos contar os meus dias.
Amo vocês.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A macieira, a paciencia e a terceira ruptura.

Segunda-feira passada foi o ultimo post contando do meu dia-a-dia aqui. Ontem escrevi apenas para acalmar os coracoes daqueles que podem ter entrado esperando novidades e amenizar a decepcao.
Criei o blog e tenho tentado mante-lo atualizado para poder contar as minhas experiencias a voces, recontar pra mim e para ter guardado para o resto da vida aquilo que minha memoria possa vir a apagar.
Se nao tenho conseguido mante-lo atualizado com a frequencia desejavel e por dois motivos principais: o primeiro, como disse uma vez aqui, e tambem a vontade de nao deixa-lo piegas, repetitivo e evitar que voces se cansem e me abandonem; o segundo foi minha prima Ju que explicou melhor. Nao tenho escrito tanto simplesmente por nao ter tempo, o que um sinal claro que a vida aqui agora e vida mesmo, rotina.
Voltando entao ao blog em si, vou contar da ultima semana - aquilo que eu lembrar e interessar!
A semana em si foi muito parecida com as anteriores. De terca a sexta, trabalho de manha e escola a tarde. Casa a noite, um eventual supermercado e cama o mais cedo possivel.
Porem, duas coisas foram excepcionais. Uma foi a semana ter tido apenas quatro dias uteis, o que a fez parecer passar ainda mais rapido. A outra foi a belissima noite de sono que eu tive de quarta para quinta-feira. Isso porque meu roommate foi trabalhar.
O Espiritismo tem como um de seus principais focos a paciencia.
Eu sou um cara bem paciente, mas acredito que eu tenho sido testado alem do limite nesses ultimos periodos.
Ja dividi quarto com dois amigos em Sampa, ja viajei com galera, ja vivi muitas experiencias coletivas na vida e aprendi muitas coisas com elas. De longe a mais importante foi o respeito. Foi encontrar e praticar a sensibilidade em nao invadir o espaco daquele que esta dividindo comigo. Aprendi tambem a ter ouvidos, a ter atencao ao comportamento de quem esta ao redor, mudando entao de conduta caso qualquer incomodo seja demonstrado.
Aprendi tambem a ter bom senso e medi-lo com o senso comum, quando ele e bom, obviamente.
Enfim, aprendi que para bom entendedor...
Como meu roommate estava fora de casa eu aproveitei para abrir as janelas do quarto, arruma-lo inteirinho, arrumar meu armario, lavar e pendurar roupas, acender um incenso e prepara-lo para dormir. Deitei perto da meia-noite e meia e so me lembro de ter acordado na manha seguinte de um sono profundo, sentindo o corpo e a mente descansados. Me levantei mais feliz que qualquer outro dia aqui. Tomei meu banho, meu cafe reforcado e fui trabalhar. Trabalhei por dois.
Sexta-feira eu fui ao trabalho bem disposto tambem, apesar de a noite nao ter sido tao maravilhosa quanto a anterior. Sai de la e fui a um PUB com o pessoal para o O'Neils, um PUB irlandes muito famoso. Tomamos umas pints e discutimos sobre o pagamento que recebemos. Uma vergonha. Apesar de ter trabalhado dez horas a mais eu recebi exatamente a mesma coisa que as semanas anteriores. E isso aconteceu com todos. Estamos articulando para o pessoal de todas as lojas, que compartilham dessa insatisfacao, fazer um movimento para pelo menos ter um feedback da situacao.
Com o pagamento abaixo do esperado e com um mes de recebimentos e contas balanceados, percebi que terei mesmo de arrumar um segundo trampo se quiser viajar mais e comprar coisas para mim. Era uma possibilidade e agora e fato, concreto. Vamos correr entao!
Sabado acordei e vi que estava um dia maravilhoso.
Na sexta havia combinado com o Amauri, meu brother mais brother do trampo, de irmos a Notting Hill, mais especificamente na Portobello Road. La rola, alem do cenario do filme, uma feira livre muito bacana. Artistas se apresentando nas esquinas, antiguidades, artesanatos e souvenirs sendo vendidos em barracas e lojinhas bem tradicionais e muita, ma' muita gente passeando e curtindo o cenario que, de longe, foi o mais tipicamente europeu que eu vi desde que cheguei e talvez o mais completo em relacao a me sentir muito bem, ao mesmo tempo integrado e alienado.
Ficamos la ate perto das 3h da tarde e depois fui ao Hyde Park encontrar a Sandra, a Dani, a Carol, que e prima delas, e mais umas dez pessoas, que estavam curtindo um dia de verao daqueles no parque. Foi o ultimo dia das meninas em casa e em Londres.
Saimos todos juntos do parque e fomos ate em casa para tomar uma cervijinha e dar adeus a elas. Foi a terceira ruptura que eu enfrentei aqui em London. A Dani e uma graca, muito menininha ainda, com muita coisa para aprender, mas muito esperta, cheia de vida e de sonhos. Me ouviu bastante e foi uma companhia muito bacana.
A Sandra e uma daquelas pessoas que certamente sera uma das referencias mais fortes dessa minha trip aqui em Londres. Nos demos bem desde o dia em que nos conhecemos. Empatia mesmo. Gastamos muitas e boas horas em conversas que atravessaram as madrugadas e que nunca acabaram. Espero que nunca acabem. Ela ja esteve aqui em London antes e me contou muita coisa. Ja viveu mais e passou um pouco da vivencia para mim. Deu atencao a tudo que eu disse e falou que aprendeu comigo.
Ela e muito bem casada, realizada profissionalmente, tem uma familia que ela ama e tempera essa receita de felicidade com muita alegria de viver. Curtiu cada segundo aqui, agregou experiencias para si e para todos ao redor e foi embora cheia de saudades daqui, mas morrendo de vontade de voltar pro maridao e fazer o pessoal de la mais feliz. Valeu minha amigona!
Fiquei com elas ate a hora do taxi chegar, umas 4 e pouco da manha de sabado para domingo.
As 6h30 da manha de domingo tocou meu despertador e eu acordei todo serelepe. Estranho, ne?
O que acontecia e que eu estava indo para Bournemouth, uma cidade litoranea a 2h daqui.
Acordei o Felipe e a Magna, tomamos banho, comemos um cafezao reforcado, preparamos o lanchinho. Toalha, short e havaianas na mochila.
Nos encaminhamos para a Waterloo Station, de onde o trem sairia. Nos encontramos la com o Joao e com a Tchela, um casal super bacana.
Depois de um sabado ensolarado e quente, tudo que queriamos era um domingao igual. Pobres de nos. Saimos daqui de London com uma leve garoa e torcemos para que la as coisas estivessem melhores.
Apesar do tempo nublado, um ventinho quase frio, valeu demais o passeio.
Por sorte, estava tendo um evento das Forcas Armadas Reais por la. Um show aereo muito bacana. Avioes de caca, helicopteros de guerra dando loopings, avioes gigantescos fazendo manobras, "esquadrilhada fumaca" dando piparotes. Uma loucura.
Esticamos a canga gigante da Tchela na areia - que foi comprada e espalhada por cima das pedras originais do litoral Britanico - e assistimos a tudo super relaxados. Quando a fome bateu, saimos a procura de uma refeicao decente, com vista para o mar. Depois de tentar varias opcoes, fomos parar em um muito bacana, com fila de espera e tal. Comemos fish & chips, o prato mais tradicional daqui. Nao que eu adoooore, mas valeu demais. Agora so daqui uns meses. Tanto pelo preco, quanto pela falta de criatividade e tempero.
Saimos de la e passeamos pelo pier. Parecia aqueles filmes de terrorista, bem Hollywood mesmo.
Carrossel, criancinhas no colo dos soldados, um navio de guerra na baia, musiquinha de fanfarra e etc. Fiquei esperando alguma coisa explodir e o Denzel Washington vir correndo nos salvar de camisa florida, com o braco ferido e com oculos escuros e walkie-talkie. Que pena. Nada aconteceu, queria tanto um autografo do Denzel Washington. Nem o Cumpadi Washington apareceu! Droga!
Resolvos voltar para a estacao e tentar pegar um trem entre 19h e 20h. Voltamos pelo parque que corta a cidade. Ele tem varios tipos diferentes de jardins. Muito bonito. No caminho tinha uma fanfarra muito bacana tocando para uma audiencia bem tranquilona, clima de interior no litoral.
Quando estavamos a alguns metros da estacao, vimos que tinha uma macieira, cheinha de macas, num canteirinho perto de uma travessia subterranea. Fomos ate la para ver se era mesmo. E era.
Na hora veio a minha cabeca uma metafora.
A minha vida e como essa maciera. Ela me oferece um monte de frutos. Esta posicionada em um lugar por onde as pessoas tem que passar se quiserem atravessar um caminho perigoso de uma forma mais segura. Esta tambem disfarcada e pode nem ser percebida se eu nao cuidar bem de mim, resistir as agressoes e tiver fe de que ninguem passara por la e a machucara, ou arrancara um de seus frutos a forca.
A minha macieira ja me deu um monte de macas lindas, em forma de pessoas, lembrancas, de fe.
Tenho tentado rega-la mais ainda com emocoes intensas, retirando de cada acontecimento a maca mais cheirosa, vermelha e verde, com um cabinho marrom e com o maximo de sumo.
E o melhor e que a minha macieira me da macas das quais eu me alimento diversas vezes, ilimitadamente. E elas sao minhas.
Sabem o que eu quero fazer? Ser tambem uma macieira que nem aquela que eu vi em Bournemouth. Ficar no caminho das pessoas e deixar que elas vejam minhas macas. Fazer com que elas pensem que a simplicidade da natureza pode despertar a metafora que talvez explique o sentido das coisas mais complexas da vida, trazendo assim de volta a fe, o amor, a paciencia em tudo aquilo que se ama.
E eu amo voces, minhas macas!
Saudades.

domingo, 31 de agosto de 2008

Vontade de escrever.

Queridos, tudo bem?
Estou com muita saudade daqui e com muitas coisas para contar.
Acabei de chegar de viagem e amanhã a labuta começa cedo.
Nesta segunda tirarei um bom tempo para contar minhas histórias, matar a saudade e colocar umas fotos.
Amo vocês.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sexta e Sábado relax, Domingo em Guanabara e Segunda em Oxford.





Finalmente chego com novidades.
Quinta-feira fui ao trabalho e à escola normalmente. Cheguei em casa e depois dormi.
Sexta-feira o trampo foi bem sossegado, uma vez que era véspera de feriado. Saí de lá com a idéia de dar uma volta até uma cidade próxima, mas os albergues estavam muito caros por causa do feriado, então decidi vir para casa e relaxar. Antes de vir para casa, de sopetão, passei em Oxford Street para dar uma volta e decidi então furar a orelha. Isso mesmo! Depois de anos com desculpas e acidentes suficientes para me manter longe dessa idéia, aproveitei minha total liberdade aqui, além do fato de isso não ser um fator de preconceito e de ninguém reparar na diferença. Ficou legal. Combina com meu cabelão, que também não será cortado até minha volta, e a barbona.
Cheguei em casa, tomei um banho e fiquei numa boa, conversando com os amigos. No meio da conversa decidimos ir até a London Eye e o Big Ben para ver os cartões postais na versão noturna. A noite estava clara e tinha uma lua em quarto crescente embelezando mais ainda. Fotos logo mais abaixo.
Sábado aproveitei para dormir até tarde e repor o sono perdido na semana. Estava bem cansado e dormi muito bem.
Dei uma volta aqui no bairro, fui ao supermercado comprar algumas coisas e fiz um almoção.
A noite fiquei acordado papeando e depois dormi.
Domingo fui acordado mais cedo do que desejado e tive uma discussão com meu roommate, que é um cara bem complicado. Não falarei nada mais sobre ele aqui pois ele não tem possibilidade de responder e o blog não será usado para esse tipo de finalidade. Mas nada que me abalasse muito o humor por mais de algumas horas.
Gastei as horas do dia com o pessoal, comi o almoço de sábado requentado. Bem melhor por sinal.
A noite todos decidimos ir ao Guanabara, uma casa brasileira aqui em London. Uma beleza. Apesar da fila que nos prendeu por duas horas, valeu. Ouvimos forró, Ivete, samba, tomamos caipirinha e Skol e nos divertimos muito. Chegamos em casa bem tarde e combinamos de acordar perto das 7h30 para irmos a Oxford.
Hoje acordei com a Magna na minha porta gritando que tinhamos perdido hora. Tomamos banho correndo e fomos para a Victoria Station para pegar o ônibus. Satish, Felipe, Magna e eu (principalmente), pagamos £12 para ir e voltar de lá. Chegamos no centro de Oxford perto da 13h30. Uma cidade linda. Toda cercada por construções ligadas à Universidade de Oxford, ao mesmo estilo arquitônico. Os prédios muito bem conservados, muitos turistas nas ruas e um tempo maravilhoso. Visitamos a Igreja de Saint Mary the Virgin, a Radcliffe Camera, Bridge of Sighs (Ponte dos Suspiros), Chris Church College, Magdalen College, Botanic Gardens, Magdalen Bridge, etc. Uma curiosidade bem bacana foi ter visto algumas locações onde foram gravadas cenas dos filmes de Harry Potter. Muito bem conservado, parecia que estávamos no filme.
Como o tempo estava reduzido por causa do nosso atraso, tivemos que fazer um pit-stop no Burger King para comer o mais rápido possível.
Voltamos agora há pouco e passei aqui para contar essas novidades.
Estou com saudades de vocês.
A semana só começa amanhã, então acho que essa vai passar voando mais ainda.
Agora entendo porque todos que vêm à Europa gostam tanto de viajar. E isso é só o meu começo.
Espero que a semana de todos tenha começado bem e que seja muito boa.
Amo vocês.

Update: Eu não consegui colocar mais fotos devido à lentidão da internet. Amanhã eu tento!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Semana corrida, mas não abandonei o blog não!

Oi gente, tudo bem?
Eu não tenho escrito aqui por dois motivos principais: o primeiro é a rotina que agora está pegando, saindo cedo, voltando tarde e tendo que dividir as tarefas cotidianas pelo pouco tempo que me resta. Segundo por que não tenho tido muitas novidades e inspirações, e tudo que eu não quero é ficar requentando as mesmas histórias.
Felizmente eu tenho tido a oportunidade de falar bastante com muitos de vocês.
Segunda-feira foi meu primeiro dia com o novo turno. Eu estava no horário, mas tinha me esquecido que muitos tinham sido afetados pelas mudanças. Logo, sobrou bastante coisa pra eu fazer. Tenho uma hora a mais por dia e muito mais responsabilidades. Nada muito intelectual, bem manual mesmo, mas é bom que eu já aprendo cada detalhe do trabalho. E outra: aí está uma vantagem de o tempo passar rápido.
Confesso que cansei.
Fui encontrar as meninas no Walkabout, saí cedo e vim para casa muito morto. Antes de ir deitar eu ainda liguei para o Manchão, pro Mario e pro Biel.
Acordei na terça e fui pronto para o dia que costuma ser o mais corrido da semana no trampo. E foi. Cansei muito mais, mas nada desesperador. Passei na escola, vim para a casa e dormi duas horinhas. Levantei 20h30, juntei o resto das minhas forças e fui ao supermercado. Voltei, guardei as coisas e coloquei a roupa pra lavar. Enquanto a máquina trabalhava eu fui tomar um banho. Saí do banho, recolhi e pendurei as roupas, comi um sucrilhos e fui bater um papo com a Sandra e a Dani. Agarramos na conversa e ficamos até 2h da manhã. Ainda bem que o papo foi bom, senão seria difícil dormir bem sabendo que eu tinha reduzido minhas horas de sono. Tenho que aproveitar enquanto elas estão aqui.
Ia com elas para Edimbungo esse final de semana, já que segunda-feira é feriado nacional aqui. Não encontrei nenhuma passagem acessível. No entanto, decidi que colocarei minha mochilona nas costas e dar uma volta pelas cidades da Inglaterra. Vamos ver no que dará!
Amanhã eu trabalho normalmente, vou à aula e depois arrumo a mala. Neste momento estou com todos os sites de promoção de passagens de trem e ônibus e meu guia na mão para programar o roteiro.
Estou muito feliz e adaptado aqui. Sinto falta de todos, mas nessas horas a correria ajuda e Deus abençoa.
Cada vez mais me torno um cara de fé. Fé em Deus, na vida, nas atitudes, no trabalho, no amor, na amizade e nas pessoas que eu amo.
Sempre envio minhas vibrações para o lado daí! Abram os corações!
Amo vocês.

sábado, 16 de agosto de 2008

Um brinde aos amigos!

Quinta-feira foi um dia muito cheio no trabalho, além do esperado.
Cheguei em casa, conversei bastante com o pessoal e fui dormir, depois de a noite anterior ter sido caótica. O Douglas roncou demais!
Recuperado após 9h de sono, fui para o trabalho na sexta. Tudo correu muito bem, até que o gerente da rede chamou um a um os funcionários para conversar. Menos eu.
Percebi que todos estavam meio emburrados na hora de ir embora. Quando estava saindo minha supervisora me chamou, disse que tinha uma novidade para mim. Eles me deram mais uma hora de trabalho por dia, que dará mais uma graninha extra.
O problema é que pediram para eu ser discreto, já que muitos tiveram o horário reduzido. Mix de sensações. Tô na minha.
Com o salário na conta e a notícia boa, fui para a aula. A última do meu professor. Foi muito bacana e terminou num PUB entre Piccadilly e Trafalgar Square para a despedida dele. Fiquei lá uma hora e vim para casa, já que combinei de tomar uma cerveja com o Junior. Passei no mercadinho, comprei umas latinhas e subi. Quando estavam prontas para ser degustadas, o Junior recebeu uma ligação do Felipe, que também mora aqui em casa, convidando-o para trabalhar num PUB. Ele foi e me deixou com as louras. Bom para ele.
Tomeu umas e fui dormir.
Ontem eu aproveitei para ir de manhã até duas lojas de departamento para comprar coisas de primeira necessidade, como edredom, toalha e uma sanduicheira. Caminhei bastante com a Dani, a Sandra e a Cami. Passei por Oxford Circus, comprei uma camiseta, um super guarda-chuvas e uma jaqueta que estava paquerando há um mês. O legal é que quando eu a vi pela primeira vez estava custando £44,90 e ontem ela estava custando £14,90. Passei depois na Primark, uma loja gigante, com a maior concentração de consumistas que eu já vi. Uma mulherada comprando pijama, camisola, blusinha, etc, e eu comprando edredom e toalha. Quase uma hora para atravessar a multidão, escolher e passar no caixa. Estava só com a Sandra e resolvemos voltar de ônibus. Mudar um pouco o visual fez bem. Demorou um pouco mais do que demoraria caso o metrô estivesse em condições, e ele não estava.
Cheguei em casa, coloquei o edredom na cama, a toalha para lavar e fui comprar coisas para fazer um almoção. Cozinhei umas porpetas, fiz um molho de tomate com double cream, misturei com um capeletti, fiz um arroz Tio João e mandei pra dentro.
A noite nos reunimos aqui na salinha improvisada, batemos um longo papo e fomos dormir.
Hoje estávamos programados para dar uma volta pelo centro e depois ir em duas baladas. No meio do caminho percebemos estar no meio de uma espécie de parada gay, no bairro mais gay daqui, o Soho. A Soho Pride, a tal parada, é menor que a parada gay original mas tem o mesmo propósito. Mas vai um povo louco, que se droga muito e não dá muitas demonstrações ostensivas de promiscuidade. Meia-hora passeando ali foi o suficiente para a gente ver o que tinha que ver e ir embora.
Cheguei em casa e me preparei para almoçar o que guardei de ontem e esperar começar o jogo do SPFC com o Grêmio. O Junior é fanático pelo tricolor gaúcho e nós então apostamos uma caixa de cerveja. Se eu soubesse que o meu time estava tão mal, jamais teria apostado. Agora vou ter que tomar com ele e ouvir gozação a semana toda.
Ontem a noite (aqui) liguei para o Lucão, sabendo que ele estaria reunido com muitos dos meus bons amigos na casa do Pombo. Peguei meu celular baratão e falei um tempão com ele, Christian 33, Brunera, Pombo, Pardal, Dedé, Ana Olívia, Juh, Ivanzinho e Talita. Levantamos um brinde juntos e me senti muito bem!
Hoje falei com meu pai, meus irmãos, primos e ouvi a voz do meu Vô Cidão. Uma delícia!
Saudades demais de todos! Mas foi um refresco saber que estavam junto comigo aquela hora!
Mais uma semana começa amanhã, com um pouco mais de trabalho. Mas tô pronto pro que der e vier.
Amo vocês.
Saudades demais.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Tomei outro tombo.

Ontem o dia foi bem rotina.
Acordei, tomei um banho e fui para o trabalho. Nao tomei cafe porque na segunda-feira deixei de ir ao supermercado para encontrar meus amigos no Walkabout.
Sai do trabalho, fui para a escola e fiquei sabendo que essa e a ultima semana do meu novo professor novo. Uma pena! Ele esta ainda colocando temas polemicos para discustirmos. Continuo achando a melhor maneira de se estudar. Primeiro, porque estimula a gente a usar o vocabulario apropriado, uma vez que ele da dicas e ensina formas de expressao menos quadradas, mais cotidianas. Depois, porque ajuda o intercambio cultural, ja que tem gente dos duzentos cantos do mundo por aqui.
Sai da aula e fui ao supermercado. Comprei leite, pao, talco para o pe, frios e uma sacola reciclavel. Aqui tem isso em todos os supermercados. Voce paga 10p em uma sacola maior que a comum, e assim que ela comecar a ficar ruim voce troca de graca. Polui menos, o mundo agradece e a mente nao pesa.
Hoje acordei, tomei cafe normalmente, tomei banho e fui pro trabalho. Cheguei la e o bixo tava pegando. O chefao estava la e todos estavam parecendo uns robos. Bom pra mim, ja que alguem pegou o lixo para fazer. Ufa!
O dia corria muito bem, ate que no final aconteceu algo inusitado - com os outros. Algum energumeno derrubou oleo no chao e achou que apenas um pano umido iria tirar a armadilha dali. Eu, muito compenetrado com a salada de uma cliente fui buscar algum ingrediente em outra station. Foi eu passar e pronto: so deu tempo de evitar que a salada virasse pro chao. A perna direita para a frente, a esquerda para tras, o cotovelo na prateleira e a cara na salada. Ficou um fiapo de frango na minha barba!
Eu fiquei p. da vida. Depois de recuperado, peguei um pote de sea salt (leia-se: sal do mar) e virei onde estava escorregadio. Mostrei como se faz quando a coisa acontece.
Minha chefe me disse: -"Nao exagera, esse negocio e muito caro!"
Eu respondi: -"Com certeza e mais barato que a indenizacao que voces teriam que dar caso eu me machucasse!"
Ela gostou do meu ponto de vista, sorriu e voltou pra sala dela.
Fiz uma salada super bombada, fui para a escola, sai um pouco mais cedo para dar tempo de ir ate a imobiliaria pagar o aluguel e fui para casa.
Para ter mais privacidade e evitar de ficar pedindo o lap top da galera resolvi vir para a lan house.
Meu paizao ligou, liguei para o Alemao e agora vou para casa.
Acabei de saber que a Camila, namorada do Junior, conseguiu um trampo novo. Viva!
Vamos celebrar e vou dormir jaja!
Amo voces!
Saudadona!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O que aconteceu semana passada eu eu nao contei.

Para comecar, informo que eu nao postei as noticias a seguir devido ao fato de ter focado meu aniversario, alem da falta de tempo.
A primeira noticia boa e que eu fiz o primeiro teste na escola de ingles desde que cheguei. Tirei 36 pontos de um total de 40. Apesar de 90% ser uma media otima e me gabaritar para pleitear uma vaga no nivel avancado eu nao aceitei o convite. So vou depois que tirar 100%. Ja que eu vim para aprender, nao vou aceitar deixar buracos. E melhor ser um Upper Intermediate completo que um quase-avancado!
O teste foi dado na ultima quarta-feira. Na quinta estava muito cansado e resolvi tirar uma folga para passear depois do trabalho. Fui ate a London Bridge e a Tower Bridge. No caminho resolvi entrar nas ruelinhas que ladeiam meu trabalho. Acabei entrando em uma igreja catolica maravilhosa. Tudo impecavel, extremamente conservado. Tudo no lugar. Assinei o livro de visitas e fui levado pela minha curiosidade ate um logar de onde vinha um som de orgao. La tinha uma mulher com mil partituras, cheias de post-its, tocando e retocando uma melodia sacra muito linda. Musica para os olhos e para os ouvidos.
A Tower Bridge e realmente de cartao-postal. Imponente, cheia de significado historico. Caminhei bastante, passei pela Tower of London, uma especie de fortaleza construida entre os seculos XVIII e XIX para proteger a cidade de invasoes. Tirei umas 50 fotos, mas ainda nao posso postar pela falta de ferramentas. Problema que logo sera resolvido. Em breve entenderao!
Semana passada tambem foi marcada por um clima ruim que rolou no trampo. Assim como acontece em qualquer lugar onde ha mais de 2 pessoas, rolou um papo que iriam diminuir nossos salarios. Pronto. Um coloca a culpa no outro, que tira o corpo fora e ai ja viram. Depois de muito fala-fala, quebra pau e gritaria, os animos se acalmaram e nada se confirmou. Apenas assisti, lamentando.
Falando em treta, chegou aqui nos cinemas nosso estimado "Tropa de Elite", ou "Elite Squad". A critica nao recebeu nada bem. Realmente e um filme para brasileiro ver. Eles nao conseguem aceitar a apologia ao crime organizado. Acredito que os criticos dos quais os textos li nao tenham visto o filme ou, se viram, nao reviram. Isso porque eles sao muito simplistas em dizer que o filme e uma especie de "Cidade de Deus" vista pela otica dos policiais. Simplismo demais.
Ainda no cinema, tem uma produtora de eventos culturais que criou uma programacao chamada "Back to the Screens". Eles estao colocando filmes como "Ghostbusters", "Scarface", "The Godfather", "Jaws" e etc, de volta nos cinemas. E de graca! E so entrar na internet e se colocar na lista. Uma beleza!
O tempo aqui continua louco.
Ontem durante a festa la em casa, que foi muito boa por sinal, fez sol, choveu, ventou, choveu, fez sol...
Agora vou voltar para a aula!
Amanha tem mais!
Boa semana a todos!
Amo voces!

sábado, 9 de agosto de 2008

Os melhores presentes vieram dos ausentes. Festa surpresa e festa combinada.

Quando resolvi escrever meu texto de véspera de aniversário, pensei em postar fatos comuns, como tenho feito a cada novo texto. Porém, quando me preparava e organizava minhas idéias, desviei do projeto inicial e fui parar na "terra dos ausentes".
Apesar do ausente ser eu, era o meu dia, e, acostumado a comemorá-lo rodeado dos meus amados, senti a ausência deles. Mais uma vez, usei a saudade como remédio e encontrei nela uma maneira de me colocar perto deles. Eu tinha as lembranças, o coração cheio, a necessidade e a ferramenta. Deu-se que eu escrevi aquele texto. Foi, de longe, o mais gostoso, o mais fluido, o que me fez entender por completo a razão por eu ter idealizado fazer esse blog.
Percebi que emocionei a muita gente, mas não imaginei que a repercussão fosse me trazer tanta emoção.
Chorei a cada depoimento que li.
Mas foi uma experiência sensacional. Isso porque fazer o texto me transportou para perto de mim, mas ler os comentários, verdadeiras cartas de amor, me fez sentir de longe a mais intensa emoção de todos os aniversários. Verdadeiros presentes. Os melhores, que eu jamais poderia esperar.
Falando em presentes, sexta-feira fui trabalhar normalmente. No início do dia fui pra a minha nova função acumulada: agora sou o responsável pelo lixo! Ma' que beleza! Minha mãe ligou, comentou sobre o blog, me deu os parabéns e deu início às grandes alegrias que ainda haveriam de me aparecer.
Servi muitas saladas, recebi uma ligação deliciosa da Brunera, servi mais algumas e fui para o vestiário ao fim do meu expediente. Lá fiquei conversando com dois colegas. Nem percebi que eles estavam me segurando. Quando saí, estavam todos os meus companheiros enfileirados, cantando "Happy Birthday to You", com direito a bolo, Coca-Cola e um cartão assinado por todos. Fiquei lá um tempo e, quando estava caminhando ao metrô, recebi uma ligação do Lucão. Batemos altos papos, rimos muito e segui meu caminho.
Cheguei em casa e logo o pessoal já começou a pilhar com os planos da noite.
Para começar compramos umas cervejas, ficamos batendo um papo e, pouco a pouco todos se arrumaram. Fomos a um PUB aqui ao lado de casa. Bem gostoso, mas ficamos lá até a hora que o garçom veio nos retirar.
Hoje acordei e fui com o Douglas comprar o notebook dele. Muito bacana! Estou usando agora.
Chegando em casa fiz um almoção e fiquei instalando as coisas do lap top. As meninas chegaram e me deram um presente lindo. Uma camiseta da GAP, bem minha cara. Presente da galera de casa. Valeu.
As presenças da Dani e da Sandra estão sendo muito boas para a casa. As duas são muito companheiras.
Há pouco estávamos no quarto delas vendo um filme.
Hoje é aniversário da Cami e faremos uma festinha aqui em casa. Virá um pessoal bacana, compraremos umas cervejas, quitutes e comemoraremos nossos aniversários.

Quero agradecer de novo a cada um de vocês que leu e se emocionou, tendo comentado ou não, por terem participado do meu dia tão especial.
Cada manifestação de amor, por meio das palavras e dos pensamentos, chegaram direto ao meu coração e me fizeram confirmar letra por letra o que eu escrevi, e me fazem sentir completo cada vez que eu leio e penso.
Visitarei freqüentemente a "terra dos ausentes".
Amo vocês.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ando devagar, apesar de o tempo voar.

Faltam alguns minutos para um dia muito simbólico para mim. Durante os últimos anos me questionei diversas vezes onde eu estaria comemorando meu aniversário de 25 anos, no dia 08-08-08.
Acabei por mim mesmo criando uma aura espetacular, mágica, envolvendo essa coincidência de números com a expectativa de estar fazendo algo à altura desse castelo.
Acho que cheguei nesse sonho, dando valores tão altos a coisas que nem conhecia, por que de alguma maneira as coisas maravilhosas e quase imperceptíveis que me fazem ser quem eu sou latejam em mim a todo o instante.
Tem uma propaganda aqui em Londres que representa minha sensação. A partir dela eu posso me ver assim: eu sou as botinhas ortopédicas que eu usei para caminhar na pracinha em frente ao prédio onde eu morava quando era um bebê; sou o tênis que tinha uma luz que piscava todas as vezes que eu pisava, e que me fazia parecer um robozinho pulador; sou o Nike Shox que reluzia quando comprei há dois anos e que hoje caminha comigo, descascado e sem um pedação da sola, mas que encaixa perfeitamente no meu pé; sou meu irmão mais velho de aparelho, jogando o controle remoto na minha testa, indo de zero a cem por hora apenas por um olhar sacana que eu desse para ele, mas que representa o amor, a lealdade e preocupação de um verdadeiro irmão; sou meu irmão mais novo todo gorducho quando pequeno, com a voz fina e fanha, cantando mana-o-mané-se-manô, meio traumatizado com as porradas da vida, mas que me dá orgulho quando mostra que tem um baita coração, que me ama incondicionalmente e que sabe chegar onde quer, apesar da preguiça; sou meu paizão, que me faz amar a vida e as pessoas, que me faz ver a vida sempre por óticas otimistas e diferentes, e que me faz querer ter filhos só pra tentar ter noção de como é possível amar e se dar por eles, custe o que custar; sou minha mãe, que eu amo demais, trabalhadora e intensa, amiga tardia, mas única e verdadeira, que me deu a existência; sou minha madrinha e meu padrinho, que me batizam só de me olharem com orgulho; sou meus avós, que eu quero ter para sempre; sou meus primos e amigos, que vivem a vida contemporaneamente comigo; sou meus irmãos escolhidos, aqueles que Deus me re-apresentou, que caminham lado-a-lado comigo, com ou sem um oceano entre nós.
Eu percebi que ando devagar há pouco tempo. Não tenho razões para ter pressa. Pra que correr se o tempo está sempre passando por nós? Se, querendo ou não, tem sempre algo ou alguém esperando para ser parte da nossa vida?
Mas vejo também o tempo voar e, o que antes me dava medo, agora é meu aliado. Somente o tempo me dá respostas. E, já que ele vôa, traz as respostas bem rápido, na garupa.
E essas respostas, boas ou ruins, chegam. Mas só com o tempo.
Como diz a letra de uma versão do Gil para uma música do Bob Marley, Tempo Só (Time Will Tell):
"... o tempo só, dirá se irei luz ou permanecerei pó/ se encontrarei Deus ou permanecerei só/ se ainda hei de abraçar minha vó..."
Acabou de dar meia-noite. 25 anos!
Antes de me darem os parabéns, dêem a vocês mesmo. Eu sou aquilo que está dentro de mim, e entre tudo estão vocês.
Acabei de receber os parabéns da turma aqui de casa. Cantaram parabéns e me trouxeram uma bunda de pão com um incenso representando a vela. Muito obrigado, família londrina.
Agora vou tomar um ice cream e mandar meu coração pra perto de vocês.
Mantenham-se felizes, para assim eu me manter!
Amo vocês.
Saudadonas.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Breja a £1, casa bombada!

Domingo chegaram aqui em casa duas primas da Vivi e da Ju, as meninas de Piracicaba.
A Sandra é casada e já morou em Londres antes. A Dani é jovenzinha, estuda no cursinho em Piracicaba. Toda bonitinha! As duas vieram passar um mês aqui para estudar inglês.
Segunda-feira foi uma beleza. Começou chovendo, terminou chovendo. Trabalhei muito, fui para a escola e depois encontrei o Gustavo e o Benê no albergue onde morei. Assim como muitos brasileiros aqui em Londres, resolvemos ir até o Walkabout, um PUB australiano que vende a pint de Fosters a £1. O problema é que tem muito brasileiro. A galera suada, falando português e com promoção de cerveja. Parecia um show de graça do Inimigos da HP. Fui embora assim que realizei a situação!
Hoje deveria ser o dia mais lotado do trampo. Porém, com a chuva insistente não foi o que aconteceu. Movimento médio.
Fui para a escola, comi minha salada e vim para casa.
Tomei um banho e fui ao supermecado com Junior e Douglas. Hoje foi o primeiro dia em que precisei comprar bens mais caros. Desodorante, sabão em pó, Listerine. A conta deu mais cara que o comum. Ainda bem que eu recebi o salário de dois dias trabalhados. Foi pouco mas pagou as necessidades.
Agora estou em casa, usando o notebook da Camila.
Vamos para a sala improvisada aqui em casa. É o único lugar onde todos os habitantes da casa podem se reunir sem se espremer! Mas é bom ter bastante gente aqui.
Amo vocês.
Beijos.

domingo, 3 de agosto de 2008

A chuva chegou, perdi meu guarda-chuvas.

Sexta-feira foi um dia de pouco trabalho e muito calor. Cheguei na hora certa, fui embora na hora certa. Meu chefe liberou uma salada mais incrementada e foi o que eu fiz. Nunca imaginei que minha alimentação por aqui seria tão boa!
Fui para a escola por um caminho diferente. Fui até a frente da St. Paul's Cathedral para apreciar e peguei um ônibus bem na porta. Passei por um monte de lugares que ainda não tinha visto e desci na estação de Chancery Lane, uma antes da minha escola. A aula foi divertida de novo. O professor usa uns métodos bem diferentes para assimilarmos a matéria e aprender coisas diferentes. Nos dois dias de aula ele promovou debates sobre temas controversos e assim nos fez usar bastante da matéria que tinha passado.
Saí da escola com aquela sensação de dever cumprido e dando início oficial ao meu primeiro final de semana como proletário.
E como todo bom proletário, passei no mercado e comprei umas cervejinhas.
Para melhorar, o Junior conseguiu um trabalho de cleaner, onde ele conseguirá sair bem do sufoco. Mais um para comemorar!
Ficamos acordados até perto da 1h e cama!
Tinha combinado de ir com a Camila, namorada do Junior, até uma loja onde eu tinha visto um notebook muito legal numa promoção mais legal ainda.
Ela me acordou sábado às 10h. Levantei, tomei café e banho e fomos. Ela comprou o computador e nós viemos em direção a nossa casa.
Antes de pegarmos o metrô, passamos em uma loja enorme de celulares daqui para eu comprar um chip de uma operadora que permite fazer ligações para o Brasil por um preço muito baixo.
Paguei £10 e já comecei a ligar para a turma. O preço do minuto é 4p, ou seja, dá pra falar um montão.
Falei com a minha mãe, com Mario, Mancha, Camila, Rafiusk, Bebel, Rafaella, Gislene, Vó Neta, Tia Inês, Tio Carlos, Gabi... Tentei ligar para mais um monte de gente, mas não tive sucesso por uma série de motivos. Juro que continuarei tentando ligar para quem mais der!
Ontem a noite fomos até Leicester Square e Picadilly Circus. Estava muito cheio.
Agora estou terminando de assistir a corrida de F1, o Massa está na frente. Faltam 4 voltas!
Acabei de falar com o Vô Cid e com a Vó Gessie.
Meu Deeeeeeeeeeeuuuuuuusssssssss! Faltando 3 voltas o carro do Massa quebrou! Que zica! Credo!
Bom, a vida continua!
Hoje vou ao Museu de História Natural. Quer dizer, isso se a chuva passar.
Depois de quase 20 dias de muito sol e calor, a chuva veio dar uma molhadinha na gente. O grande problema é que ontem de manhã, preocupado com o notebook e o chip do telefone, esqueci meu guarda-chuvas ultra-especial de brechó em algum lugar! Que dor!
Enfim, amanhã descerei lá para ver se enontro outro.
Com ou sem guarda-chuvas, aqui vou eu!
Muitas saudades!
Amo vocês!
Beijos

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Achei um crucifixo e fui benzer. Novo professor novo.

Quando contei do churrasco improvisado da terca-feira esqueci de dar um detalhe importante.
Para o contexto ficar um pouco mais forte, ha mais ou menos 3 meses eu estava em Sampa para o casamento de uma amiga minha. Estava de caminhonete e andava nela com dois amigos que nao sao nada religiosos. Para o bem da verdade, um e ateu e o outro e a pessoa mais confusa no quesito espiritualidade que eu tenho conhecimento.
Enfim, depois do casamento, que nao foi religioso, estacionei o carro perto de casa. Quando voltei para sair de novo encontrei um amuleto de Nossa Senhora Aparecida no banco do passageiro.
Nao estou dando relevancia a fatores misticos nem tampouco quero fazer apologias. Somente quero demonstrar que, por alguma razao que eu jamais saberei, apareceu uma imagem de protecao muito forte no meu caminho.
Pois bem, voltando ao churrasco de anteontem, eu estava conversando com os meninos enquanto a carne assava e coloquei a mao no bolso. Senti que tinha alguma coisa nele e tirei para ver o que era. Podia ser um prego, um grampo, um papel de bala. Mas nao. Era um crucifixo. E so. Nao parece ter sido arrancado nem ter caido de lugar algum. A roupa que eu estava usando tinha acabado de ser lavada. Estava com calor e coloquei. Acontece que quando eu lavei deixei na maquina e fui para a escola e para o trabalho. Quem tirou da maquina e colocou no varal foi a Vivi, que mora la em casa. E ela me disse que tinha colocado a mao nos bolsos para desengruvinhar na hora de secar e nao tinha sentido nada.
Novamente, nao quero mistificar nem propagar a ideia de que eu sou um ima de imagens sagradas. So acho que os sinais da vida nao aparecem a toa. E me senti protegido.
Tenho feito minhas oracoes espiritas e me sentido muito bem com elas. Mas a Ju, outra moradora de casa, me chamou para acompanha-la a missa brasileira que acontece aqui perto de casa todas as quartas-feiras. Resolvi ir para o padre benzer o crucifixo.
Agora ele esta bento e com certeza mal nao fara!
Mudando do Ceu para a Terra, hoje fui a aula e tive uma grata surpresa: meu professor ruim saiu por uma razao nao revelada e so deve voltar daqui a algumas semanas. Muito bom! Meu professor substituto e uma figura. Ele e bem novo mas tem um metodo legal. Nos colocou para discutir temas controversos. Bom demais para treinar a labia e as habilidades de persuasao em ingles.
Desculpem pela falta de cronologia, porem agora vou falar do meu trabalho: hoje o dia foi bem tranquilo, menos clientes que os outros dias. O chefe, que e meio afetado, passou o dia fora e o negocio aliviou demais. Trabalhamos bem sincronizados, com o sorrisao no rosto e so esperando a hora de comer as nossas saladas.
Passei em casa e lavei um montao de roupas. Hoje caiu uma chuvinha bem picareta, mas e melhor eu nao ficar provocando porque depois comeca a chover de verdade e o trabalhador e quem se ferra!
Agora estou na lan house com o Douglas e o Junior.
Daqui a pouco vou para casa.
Amo voces.
Beijos.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

As rotas novas funcionam.

Ontem a noite, depois de sair daqui da biblioteca eu fui para casa.
Lavei meu uniforme e esperei o Junior voltar para casa depois de uma entrevista de emprego. Ainda nao foi dessa vez que ele conseguiu.
Como tinha sobrado carvao e carne do churrasco de sabado e nos dois estavamos de bobeira, eu animado pela presenca de seis belas mulheres na casa vizinha, alem do tempo estar extremamente convidativo, resolvemos jantar churrasco na varanda. Uma beleza!
Dormi por volta de meia-noite. Acordei hoje no mesmo horario de ontem, tomei banho e cafe e fui para o trabalho. Sem nenhum imprevisto negativo no metro, cheguei adiantado. Troquei de roupa arrumei um monte de coisas ate dar o meu horario e entao comecei. Foi bem cheio para a media das quartas-feiras, segundo o pessoal.
Terminei no horario combinado, preparei uma salada deliciosa para eu comer e fui para a escola.
Fui pela rota nova. Muito boa! Alem de ter um visual lindo e um ar bem fresco, ja corto um caminho que me faz ganhar uns 20 minutos. Show de bola!
Enquanto caminhava, curtindo um ventinho, um sol radiante e um ceu de brigadeiro, ao som de Coldplay, numa das minhas musicas favoritas, "What If", comecei a pensar que vou sentir saudade disso tudo aqui um dia. Parece melancolico demais, cedo demais, ate pode ser tudo isso, mas o que ocorre e que eu nunca senti tanta falta de lugares e pessoas como tem sido aqui. Nada que mate, mas que vez ou outra me abala, ou me refresca os momentos duros e ate me faz me sentir mais eu. To ficando mais emocional. E estou ficando mais racional tambem, ja que tenho que tomar todas as decisoes sozinho. Vou continuar me testando.
Enfim, a rota nova para a escola funciona. A rota nova que tomei na vida tambem tem me levado pra um monte de lugares meus que ainda nao tinha conquistado. Agora ja fazem parte da minha historia.
Amo voces.
Beijos.

terça-feira, 29 de julho de 2008

O predio em forma de bala e a Biblioteca Publica.

Hoje fui um pouco mais cedo para o trabalho pensando em chegar com mais tempo para me trocar, ajudar na cozinha e ficar mais sossegado.
No entanto, o que era uma estrategia para aproveitar melhor meu tempo acabou se tornando em uma medida preventiva para atrasos.
Apesar de reconhecer que o transporte publico de Londres e fantastico pela sua abrangencia, admito que ja concordo com as bravatas que ouco desde que cheguei aqui, vindas das bocas de ingleses natos e alguns moradores estrangeiros da cidade, sobre os constantes atrasos e a superlotacao do metro.
Talvez por ja ter morado quatro anos em Sampa e sentir falta diariamente de um sistema de metros que me levasse a qualquer lugar (como ocorre aqui), nao dava muito importancia para os evidentes defeitos do sistema daqui. No entanto, em dois dias ja comeco a ter minha visao afetada. E acho que o principal motivo e que agora eu preciso do metro para chegar pontualmente aos meus compromissos e tambem poder relaxar no caminho de volta para casa.
Na ida para o trabalho esperei na minha estacao por 15 minutos, quando nunca tinha ficado mais de 5. O trem finalmente chegou, mas o numero de pessoas havia triplicado e, duas estacoes depois, todos tiveram de trocar de trem. Ou seja, nos juntamos a outra multidao. Esperamos mais 7 minutos e embarcamos no seguinte.
Esse pequeno imprevisto me teria feito chegar pelo menos 25 minutos atrasado caso eu tivesse saido no horario de ontem.
Apesar disso, o dia de trabalho foi otimo. Bem menos gente que ontem, o chefao em cima, mas sem falar um "A". Ele gostou do meu servico.
Hoje nao tinha aula, ja que o meu pessimo professor ia faltar. Aproveitei entao para fazer um teste e pegar uma rota alternativa para chegar ate a escola. Peguei umas indicacoes com os meninos que trabalham comigo e me mandei.
De camisa florida, celular tocando MP3 e curtindo o visual, fui andando em direcao a estacao de Bank. Despontando na rua vi que a minha esquerda se encontrava a monumental Catedral de Sao Paulo, vulgo St. Paul's Cathedral. A catedral Anglicana de Londres e ponto turistico obrigatorio, mas que eu ainda nao tinha visitado. Ja entrou para lista.
Como nao queria sair do meu planejamento coloquei na lista e me mantive na rota. Segui algumas placas e me vi em frente ao Queen Victoria's Theatre, outro monumento arquitetonico que foi restaurado ha poucos anos.
Olhando de cima para baixo me vi diante de uma das vistas mais comuns na Londres contemporanea: uma construcao historica sendo "engolida" por uma obra de arte da modernidade. Bem detras do teatro via-se a ponta do 30 St. Mary Axe, ou Gherkin (Pepino, em ingles). E um predio maravilhoso, todo envidracado e com formato de um projetil (ou bala).
Quando me vi ja estava freneticamente andando em direcao a ele, totalmente entregue a uma curiosidade que me atormenta desde que o tinha visto, a distancia, no dia em que cheguei aqui.
Abri mao do "Projeto Rota Nova" e fui caminhando. Em menos de 15 minutos estava diante dele. Valeu demais a pena. Ate porque, no meio do caminho ate ele, eu ainda encontrei um mercado de rua maravilhoso e um PUB incrivelmentre conservado, com escadarias, lustres e pinturas de anos muito idos. Tirei fotos, mas nao postarei hoje.
Nao postarei hoje porque neste momento estou estreando a minha conta de usuario na Willesden Green Library. Isso mesmo. Eu agora sou socio da biblioteca publica do meu bairro. Ela fica a menos de 10 minutos caminhando de casa e me oferece livros, revistas e jornais para emprestimos de ate 3 semanas, DVD's variadissimos para ate uma semana e internet de graca, ilimitada.
Mesmo tendo a internet de graca aqui eu terei que eventualmente acessar da lan house. Isso porque o expediente daqui acaba cedo demais para o horario do Brasil, entao ficaria impossivel de falar com voces por MSN ou Skype.
A biblioteca e muito bem estruturada, muito conservada, sileciosa e bem familiar. Que belo exemplo a ser seguido pelos nossos prefeitos brasileiros.
Amanha testarei de verdade o novo caminho e conto se valeu a pena.
Amo voces.
Beijos.