segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A macieira, a paciencia e a terceira ruptura.

Segunda-feira passada foi o ultimo post contando do meu dia-a-dia aqui. Ontem escrevi apenas para acalmar os coracoes daqueles que podem ter entrado esperando novidades e amenizar a decepcao.
Criei o blog e tenho tentado mante-lo atualizado para poder contar as minhas experiencias a voces, recontar pra mim e para ter guardado para o resto da vida aquilo que minha memoria possa vir a apagar.
Se nao tenho conseguido mante-lo atualizado com a frequencia desejavel e por dois motivos principais: o primeiro, como disse uma vez aqui, e tambem a vontade de nao deixa-lo piegas, repetitivo e evitar que voces se cansem e me abandonem; o segundo foi minha prima Ju que explicou melhor. Nao tenho escrito tanto simplesmente por nao ter tempo, o que um sinal claro que a vida aqui agora e vida mesmo, rotina.
Voltando entao ao blog em si, vou contar da ultima semana - aquilo que eu lembrar e interessar!
A semana em si foi muito parecida com as anteriores. De terca a sexta, trabalho de manha e escola a tarde. Casa a noite, um eventual supermercado e cama o mais cedo possivel.
Porem, duas coisas foram excepcionais. Uma foi a semana ter tido apenas quatro dias uteis, o que a fez parecer passar ainda mais rapido. A outra foi a belissima noite de sono que eu tive de quarta para quinta-feira. Isso porque meu roommate foi trabalhar.
O Espiritismo tem como um de seus principais focos a paciencia.
Eu sou um cara bem paciente, mas acredito que eu tenho sido testado alem do limite nesses ultimos periodos.
Ja dividi quarto com dois amigos em Sampa, ja viajei com galera, ja vivi muitas experiencias coletivas na vida e aprendi muitas coisas com elas. De longe a mais importante foi o respeito. Foi encontrar e praticar a sensibilidade em nao invadir o espaco daquele que esta dividindo comigo. Aprendi tambem a ter ouvidos, a ter atencao ao comportamento de quem esta ao redor, mudando entao de conduta caso qualquer incomodo seja demonstrado.
Aprendi tambem a ter bom senso e medi-lo com o senso comum, quando ele e bom, obviamente.
Enfim, aprendi que para bom entendedor...
Como meu roommate estava fora de casa eu aproveitei para abrir as janelas do quarto, arruma-lo inteirinho, arrumar meu armario, lavar e pendurar roupas, acender um incenso e prepara-lo para dormir. Deitei perto da meia-noite e meia e so me lembro de ter acordado na manha seguinte de um sono profundo, sentindo o corpo e a mente descansados. Me levantei mais feliz que qualquer outro dia aqui. Tomei meu banho, meu cafe reforcado e fui trabalhar. Trabalhei por dois.
Sexta-feira eu fui ao trabalho bem disposto tambem, apesar de a noite nao ter sido tao maravilhosa quanto a anterior. Sai de la e fui a um PUB com o pessoal para o O'Neils, um PUB irlandes muito famoso. Tomamos umas pints e discutimos sobre o pagamento que recebemos. Uma vergonha. Apesar de ter trabalhado dez horas a mais eu recebi exatamente a mesma coisa que as semanas anteriores. E isso aconteceu com todos. Estamos articulando para o pessoal de todas as lojas, que compartilham dessa insatisfacao, fazer um movimento para pelo menos ter um feedback da situacao.
Com o pagamento abaixo do esperado e com um mes de recebimentos e contas balanceados, percebi que terei mesmo de arrumar um segundo trampo se quiser viajar mais e comprar coisas para mim. Era uma possibilidade e agora e fato, concreto. Vamos correr entao!
Sabado acordei e vi que estava um dia maravilhoso.
Na sexta havia combinado com o Amauri, meu brother mais brother do trampo, de irmos a Notting Hill, mais especificamente na Portobello Road. La rola, alem do cenario do filme, uma feira livre muito bacana. Artistas se apresentando nas esquinas, antiguidades, artesanatos e souvenirs sendo vendidos em barracas e lojinhas bem tradicionais e muita, ma' muita gente passeando e curtindo o cenario que, de longe, foi o mais tipicamente europeu que eu vi desde que cheguei e talvez o mais completo em relacao a me sentir muito bem, ao mesmo tempo integrado e alienado.
Ficamos la ate perto das 3h da tarde e depois fui ao Hyde Park encontrar a Sandra, a Dani, a Carol, que e prima delas, e mais umas dez pessoas, que estavam curtindo um dia de verao daqueles no parque. Foi o ultimo dia das meninas em casa e em Londres.
Saimos todos juntos do parque e fomos ate em casa para tomar uma cervijinha e dar adeus a elas. Foi a terceira ruptura que eu enfrentei aqui em London. A Dani e uma graca, muito menininha ainda, com muita coisa para aprender, mas muito esperta, cheia de vida e de sonhos. Me ouviu bastante e foi uma companhia muito bacana.
A Sandra e uma daquelas pessoas que certamente sera uma das referencias mais fortes dessa minha trip aqui em Londres. Nos demos bem desde o dia em que nos conhecemos. Empatia mesmo. Gastamos muitas e boas horas em conversas que atravessaram as madrugadas e que nunca acabaram. Espero que nunca acabem. Ela ja esteve aqui em London antes e me contou muita coisa. Ja viveu mais e passou um pouco da vivencia para mim. Deu atencao a tudo que eu disse e falou que aprendeu comigo.
Ela e muito bem casada, realizada profissionalmente, tem uma familia que ela ama e tempera essa receita de felicidade com muita alegria de viver. Curtiu cada segundo aqui, agregou experiencias para si e para todos ao redor e foi embora cheia de saudades daqui, mas morrendo de vontade de voltar pro maridao e fazer o pessoal de la mais feliz. Valeu minha amigona!
Fiquei com elas ate a hora do taxi chegar, umas 4 e pouco da manha de sabado para domingo.
As 6h30 da manha de domingo tocou meu despertador e eu acordei todo serelepe. Estranho, ne?
O que acontecia e que eu estava indo para Bournemouth, uma cidade litoranea a 2h daqui.
Acordei o Felipe e a Magna, tomamos banho, comemos um cafezao reforcado, preparamos o lanchinho. Toalha, short e havaianas na mochila.
Nos encaminhamos para a Waterloo Station, de onde o trem sairia. Nos encontramos la com o Joao e com a Tchela, um casal super bacana.
Depois de um sabado ensolarado e quente, tudo que queriamos era um domingao igual. Pobres de nos. Saimos daqui de London com uma leve garoa e torcemos para que la as coisas estivessem melhores.
Apesar do tempo nublado, um ventinho quase frio, valeu demais o passeio.
Por sorte, estava tendo um evento das Forcas Armadas Reais por la. Um show aereo muito bacana. Avioes de caca, helicopteros de guerra dando loopings, avioes gigantescos fazendo manobras, "esquadrilhada fumaca" dando piparotes. Uma loucura.
Esticamos a canga gigante da Tchela na areia - que foi comprada e espalhada por cima das pedras originais do litoral Britanico - e assistimos a tudo super relaxados. Quando a fome bateu, saimos a procura de uma refeicao decente, com vista para o mar. Depois de tentar varias opcoes, fomos parar em um muito bacana, com fila de espera e tal. Comemos fish & chips, o prato mais tradicional daqui. Nao que eu adoooore, mas valeu demais. Agora so daqui uns meses. Tanto pelo preco, quanto pela falta de criatividade e tempero.
Saimos de la e passeamos pelo pier. Parecia aqueles filmes de terrorista, bem Hollywood mesmo.
Carrossel, criancinhas no colo dos soldados, um navio de guerra na baia, musiquinha de fanfarra e etc. Fiquei esperando alguma coisa explodir e o Denzel Washington vir correndo nos salvar de camisa florida, com o braco ferido e com oculos escuros e walkie-talkie. Que pena. Nada aconteceu, queria tanto um autografo do Denzel Washington. Nem o Cumpadi Washington apareceu! Droga!
Resolvos voltar para a estacao e tentar pegar um trem entre 19h e 20h. Voltamos pelo parque que corta a cidade. Ele tem varios tipos diferentes de jardins. Muito bonito. No caminho tinha uma fanfarra muito bacana tocando para uma audiencia bem tranquilona, clima de interior no litoral.
Quando estavamos a alguns metros da estacao, vimos que tinha uma macieira, cheinha de macas, num canteirinho perto de uma travessia subterranea. Fomos ate la para ver se era mesmo. E era.
Na hora veio a minha cabeca uma metafora.
A minha vida e como essa maciera. Ela me oferece um monte de frutos. Esta posicionada em um lugar por onde as pessoas tem que passar se quiserem atravessar um caminho perigoso de uma forma mais segura. Esta tambem disfarcada e pode nem ser percebida se eu nao cuidar bem de mim, resistir as agressoes e tiver fe de que ninguem passara por la e a machucara, ou arrancara um de seus frutos a forca.
A minha macieira ja me deu um monte de macas lindas, em forma de pessoas, lembrancas, de fe.
Tenho tentado rega-la mais ainda com emocoes intensas, retirando de cada acontecimento a maca mais cheirosa, vermelha e verde, com um cabinho marrom e com o maximo de sumo.
E o melhor e que a minha macieira me da macas das quais eu me alimento diversas vezes, ilimitadamente. E elas sao minhas.
Sabem o que eu quero fazer? Ser tambem uma macieira que nem aquela que eu vi em Bournemouth. Ficar no caminho das pessoas e deixar que elas vejam minhas macas. Fazer com que elas pensem que a simplicidade da natureza pode despertar a metafora que talvez explique o sentido das coisas mais complexas da vida, trazendo assim de volta a fe, o amor, a paciencia em tudo aquilo que se ama.
E eu amo voces, minhas macas!
Saudades.

15 comentários:

L.V.P. disse...

Saudade demais de você, Fezinho.

Muita mesmo.

Te amo muito, cara.

Beijo

Unknown disse...

Eu também,como o Lucas disse, saudades demais. Inveja, muita inveja das pessoas que hoje estão desfrutando da sua muito maravilhosa pessoa, e curtindo todo o perfume da sua macieira, do sabor incomparável das suas maçãs. Nunca pensei que eu pudesse precisar tanto de você meu filho querido.
Te amo muito!
Milhões de beijos
Mamãe

Unknown disse...

fezinho me esqueci de te falar que desde que vc foi para londres a dona ines e o sr helio querem muito te colocar em contato com duas sobrinhas netas deles que moram na inglaterra se chamam raquel e renata uma delas e funcionaria da pilkgton em liverpool passei seu telefone antigo e agora eles me ligaram querendo saber pq elas nao estavam te achando entao passei o numero novo pode ser um bom contato boa sorte
mamãe

mariluci disse...

Querido Felipe,

Quando li o seu comentário, "vi essa macieira em minha frente"...
senti até o perfume... flor de maçã!
Na quinta-feira passada, quando almoçei na casa da sua mãe, vi suas arquídeas em flor (uma branca e outra lilás! lindas, lindas... você estava nelas!
As rupturas são necessárias, apesar de, às vezes, doloridas.
Você está aprendendo até com seu companheiro de quarto...paciência!
Que bom que tudo isso está acontecendo assim. Com sabedoria!
Saudades...
Fique com DEUS!
Beijos

Unknown disse...

Amorzão...
Vc não poderia estar vivendo essa experiencia em melhor momento, né? Vc está tão maduro, sabendo valorizar todos os aspectos da expêriencia. Dá gosto de acompanhar o seu desenvolvimento principalemnte espiritual.Vc tira o melhor que as situações oferecem, mesmo quando são situações dificeis. Precisa ter olho bom e coração forte pra isso!
To tão orgulosa de vc meu amigo.
Muito mesmo
Te amo
Saudade
Juh

Unknown disse...

Filhote, muito legal tua ligação ontem! Deu pra perceber minha mudança de entusiasmo, né? É que a surpresa foi bem legal e, se era surpêsa, eu não esperava...hehe.
Bacana tua postagem, gostei! Bacana tbm foi a viagem pra Brasília. Pra variar, tia Stela e tio Cesá na maior atenção e gentileza. O badá foi ótimo, cedeu o quarto, emprestou o carro e fez uns rabiscos parecidos com mapa pra gente passear pelo DF. O kalyan netinho do Cesá é cara dele, impressionante! A vó passeou bstante comigo e com a Rô e o vô não saiu de casa esperando a hora certa de entrar na piscina. Voltou sequinho pra Bauru... Foi tudo muito bom!
Se precisar de alguma forcinha aí pra acertar o negócio do salário, me avise. Chamo minha turma ( Henrique, Carlos Escolar, Marcelão&tropa da construção civil) e vamos fazer uma grevona aí na porta da saladeria!
A Luta Continua, Companheiro!!!!
Te amo muito, fezinho.
Deus te abençõe!

Unknown disse...

E aí, filhote, tudo certinho?! Entrei aqui agora pra reler novamente(!) a tua bonita mensagem, depois de alimentar os passarinhos. Hj, além do trivial alpiste & painço, coloquei uma maçã pra que eles se deliciassem. Rapidamente desceram dos ipês amarelos floridos e se amontoaram ali. Eu fiquei olhando e sentindo que te agradeciam...
Te amo. Fique com DEUS.

L.V.P. disse...

Tá foda!

Vc consegue perceber a falta que você faz, né?!

Te amo, cara.

Gabi Pompilio disse...

te amo muito!
ta fazendo falta!

vo te escreve um email!
bjao

Unknown disse...

Oi Feee, saudade imensaaa!!!Linda mensagem, acho que é isso ai mesmo...temos que procurar ser simples e pode ter certeza que sempre aparecerao pessoal maravilhosas que irao prestar atencao na macieira e ela sempre estara rodeada de pessoas bacanas...acredito que temos que buscar nossa paz interior e cultivar a paciencia, mas nunca devemos passar por cima de nossos principios, do que a creditamos o que eh certo para nos mesmos e nosso bem estar, principalmente...acho legal vc estar buscando a paciencia mas nao podemos passar por cima de nos mesmos nunca, ne?
te amu amigo...muita luz para vc!!
bjo grande

BruOrtiz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BruOrtiz disse...

FÊ, IT'S LONG BUT GOOD AND REALISTIC! FOR YOU AND YOUR READERS:) ENJOY!

DO MUNDO VIRTUAL AO ESPIRITUAL

Por Frei Betto

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da
mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos
em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de
espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos,
geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café
da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos
comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz
felicidade?'

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:
'Não foi à aula?' Ela respondeu:
'Não, tenho aula à tarde'.
Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais
tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta
coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e
começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'

Estamos construindo super-homens e supermulheres totalmente equipados,
mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora
que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não
adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as
pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem
aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis
livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de
ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me
preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho
ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma
maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da
subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Antes, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na
realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é
virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não
há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto,
em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma
preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é
virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso
com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de
sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos
virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também
eticamente virtuais.

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do
espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um
problema: a cada semana que passa, temos a sensação de
que ficamos um pouco menos cultos.

A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da
imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se
apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a
publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que
felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este
refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro,
você chega lá!'



O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede
desenvolve de tal maneira
o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem
resiste, aumenta a neurose.


Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus
pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o
direito de apresentar uma su­gestão. Acho que só há uma saída: virar o
desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande
desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o
quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante,
neoliberal, consumista.

Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três
requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de
estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.
Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral,
deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de
que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status
construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping
center.



É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas
arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer
maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro
sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua,
sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas
aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por
belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos
céus.



Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque
especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai
se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia
pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo
hambúrguer do McDonald's.

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
'Estou apenas fazendo um passeio socrático.'

espiritual seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego,
também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de
Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
'Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
feliz.'

Felipe Valente disse...

Valeu por tudo gente!
Amo todos vocês demais!
Cada um do seu jeitão!
Beijos

L.V.P. disse...

Aí fica difícil!

Essa é a frase que eu vou usar pra ilustrar a verdadeira merda que tá rolando aqui, nas terras tupiniquins!

Eu não sei ao quanto você tem acesso aí, mas vai um “periódico” pra você saber o quê eu sei por aqui:

Apenas pra florear a história e, respeitando a prolixía que me é devida e cabida por direito, venho, por meio deste, ilustrar a narração:

“Cheguei em casa, liguei a TV e, compulsivamente, comecei a mudar de canal (vai dizer, ficou com saudades?!?!?) Eis que começam as notícias:

“Jovens saem da cadeia após TRÊS anos de prisão, por crime que NÃO cometeram!... os moleques foram torturados até confessarem o estupro seguido de assassinato de uma jovem estudante.!!!”

Os PMs prenderam um cara– que três anos depois confessou vários crimes – incluindo o estupro e assassinato de uma jovem – aquela – pelo qual três jovens INOCENTES haviam sido condenados!!!!!!!!!!!!!!!!!

Agora querem indenizar os caras... Você consegue imaginar uma quantia justa????

PUTA QUE PARIU!!!!!

Aí tem um candidato a vereador de SP que fala, veste-se e age como o Enéas e que se intitula “Enéas Filho!”.
A justiça descobriu que o cara é filho de um ex-vereador chamado “Oswaldo Enéas” e que não tem absolutamente NADA a ver com o findo Enéas Carneiro. Aí proibiram a associação ao nome do “Cara”. Acredita que o FDP vai entrar com recurso???... Duvida que ele vá ganhar?!?!?!?!?!?!

...pra resumir, as coisas por aqui andam bem normais. Bem iguais. Infelizmente!

A propaganda eleitoral é um capítulo à parte. Ridícula e nojenta. Sério! É vergonhoso. Uma galera semi-analfabeta, chula, tosca mesmo! Dá vergonha ser “democrático” nessa hora.

E no comercial, propaganda da Bauducco, da Unilever, da Nestlé e da Nike...como se estivesse tudo bem... tudo normal!!!

FILHOS DAS PUTAS!!!!!!!!

To puto. Deu pra perceber, né?!

Amo vc, Fezinho. A saudade aperta a cada minuto e a cada momento que eu olho pro lado com vontade de falar sobre essas coisas ESCROTAS!!!!

E, ao mesmo tempo em que rola uma saudadinha, rola uma vontade de você aprender por aí aquilo que a gente não aprendeu – e nem vai aprender – por aqui, por enquanto.

O importante é fazer a diferença, Fezinho!

É quase uma obrigação cívica. Um dever pátrio.

Só não te amo mais porque não cabe. Se coubesse juro que amava!

Saudade de você, meu amigo-companheiro-conselheiro-brother-camarada-do-contra-irmão.

Te amo muito, Fe.

Muito mais do que já te falei.

L.V.P. disse...

Isso tudo é preguiça?!?!?!

Cade as notícias, véééééi?!?!?!

E as filosofias e lições aprendidas nos caminhos tortuosos e insólitos?

E as mensagens de ternura? Os ensinamentos do mestre zen? Os causos hilários e as histórias empolgantes???

CADEEEEEEEEEEEEEE????????

Você inventou essa moda, nos condicionou a curtir a sua jornada com seus deliciosos contos e entrar todo dia aqui pra ficar na dúvida se a saudade aumenta ou morre a cada novo post.

Agora güenta, maninho!

Te amo, Joe!