Eu tenho escrito aqui muito pouco, eu sei.
É um verdadeiro tiro no pé pra quem estava alcançando proporções tão grandiosas dada a humilde estimativa durante o processo de criação deste espaço.
Mais do que isso, eu criei aqui um porta-palavras que reune muito de mim e passa adiante - ou tenta passar - um pouco das coisas que eu sinto enquanto vivo essa aventura.
Sei que alguns textos têm sido lidos por bastante gente. Já recebi elogios e comentários por cada um deles. Realmente, cuido muito para que os textos saiam de maneira que vocês se transportem para o lado de cá do oceano. Escrevendo e relendo eu sinto a presença de vocês aqui.
É assim então, juntando todos estes fatos, que eu percebi que cativei a atenção e o carinho de vocês.
E como Antoine de Saint-Exupéry maximizou, cabe a mim a eterna responsabilidade por aquilo que eu cativei.
Sabem quando alguma coisa que pode ou deve ser resolvida e a gente sabe disso - e por um monte de motivos que são indivisíveis, já que a gente não consegue citar um separado dos outros - e enquanto não a resolvemos ela incomoda tanto que chega a tirar um pouco a cabeça das devidas atenções?
Sabem também quando, não bastassem as pressões internas, ainda aqueles que você cativou começam a questionar a falta de comprometimento com a sua causa, que agora é deles?
Enfim, aí que entra a resiliência.
Não existe razão para eu querer tirar de mim essa responsabilidade.
Existem tantas responsabilidades que nos preocupam e nos incomodam de um jeito ruim. Elas realmente preocupam e incomodam porque no fim das contas o resultado do nosso comprometimento não nos dá a sensação de que valeu à pena fazer tanto esforço.
Por outro lado, a responsabilidade que eu tenho aqui é deliciosa. Eu fui atrás dela por caminhos naturais. Foi uma seqüência deliciosa de fatores, uma trilha que eu fui desbravando até encontrar ali a minha paisagem, o meu sossego, a minha responsabilidade.
Encontrei em mim este lado resiliente no processo de auto-descoberta que eu tenho feito nos últimos anos. Olhando para a minha vida e lendo minha história eu vi que nas situações onde eu me vi sob pressão fiquei ali, com medo mas firme. Encarei e esperei ver o que ia dar. Os objetivos eram alcançados, alguns com uma margem de sorte considerável, mas minha postura firme sob pressão me fez viver tais situações por completo.
Aqui estou eu hoje, quase dez dias depois de ter escrito meu último post, fazendo um texto com cara de mea culpa mas que certamente é uma síntese de uma parte importante do meu atual momento.
Foi muito fácil tomar a decisão de vir pra cá, uma vez que querer uma coisa boa é mais fácil que piscar os olhos. Difíceis foram os momentos que antecederam a minha partida, foi ouvir a contagem regressiva do meu irmão mais novo, ver a apreensão dos meus pais e principalmente sustentar a responsabilidade de dar esse passo em direção a uma vida desconhecida, mas que eu pedi. Uma vida diferente e que exigiu de mim simplesmente me transformar num catalisador de emoções. Tudo o que era dúvida e medo eu tinha que transformar em energia para sustentar a tal responsabilidade sem poluir o meu meio-ambiente. E isso me fez forte.
Hoje eu vejo que, apesar da enorme responsabilidade que é ter esse espaço e colocar nele as coisas que interessam àqueles que eu cativei, posso colocar aqui a verdade.
Peço perdão a quem deu de cara com a falta de atualidades e que, com razão, perdeu um pouco do interesse pelo blog.
Mas tenho certo que a vida aqui é rotina mas não perdeu a cor. A saudade é estável mas existe.
Se você leu esse texto e me entendeu, obrigado. Volte sempre aqui, vou me esforçar para ao menos contar os meus dias.
Amo vocês.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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3 comentários:
Meu filho querido, li seu texto e vou te confessar uma coisa, hoje depois que eu li o seu post comparei você com o Chico Buarque. Todo mundo inclusive eu, me peguei varias vezes não conseguindo entender porque ele que já compôs tantas coisas boas está sumido. Pois é Fezinho, você nos acostumou mal. Sempre venho aqui te procurar, mas não se sinta exigido.
Seja só você mesmo que seja só pra pedir colo, você já tem créditos demais! Nós temos tido privilégios de ter você em nosso dia a dia.
O blog nos coloca mais perto da sua alma abençoada, tenho tentado como você me sugeriu, cultivar sua calma e seu bom humor.
Deus tem sido maravilhoso!
Sempre de alguma forma você toca nossos corações, não se cobre tanto filho e (aforante) seu irmão eternamente carente Lucão!
Não se sinta cobrado a ter muitas inspirações, só com a sua autenticidade já esta valendo ler e reler pois isso nos aproxima de você, eu também me sinto carente do seu amor do seu abraço!
Te amo muito!
Deus te abençoe muito
Mamãe
Filho da puta!
Me quebrou!!!
Citar "Antoine de Saint-Exupéry" é sacanagem, hein?
Se eu tivesse alguma dúuvida da nossa cumplicidade - no sentido mais absoluto que esse termo possa ter - ou se levasse em consideração dúvidas de outrem quanto à nossa intimidade/amizade, até pediria desculpas, publicamente, inclusive.
Mas não é o caso.
Tenho aprendido com vc - num processo que até antecede sua jornada - a não aceitar pequenas provocações. A conter minhas explosões e, até certo ponto, segurar minha ondinha.
...deixa pra lá... parafraseando um cara que parafraseou Antoine de Saint-Exupéry: "Lucão, desencana, cara".
Seguinte: Escreva sempre que puder e saiba que qualquer post, mesmo que não seja sobre o seu dia, que não tenha nenhuma mensagem de amadurecimento, de crescimento espiritual, de aprendizagem ou ensimamento... qualquer coisa vinda de você nos faz bem. Nos entretem e nos melhora o dia.
Amo vc.
PS: Uma semana sem falar com a sua mãe.
Lucão, o Fê tem nos servido para ótimos contatos, por favor não fique uma semana sem falar comigo!
Não vou me aguentar com dois filhos longe, ai quem fica carente sou eu.
Ri de gosto, você é muito mal criado, mas eu te amo mesmo assim, como amo o Fezinho e para não ficar devendo para ninguém amo muito o baixinho Marquinhos também
Mamãe
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