Desculpem por mais uma semana sem novidades. Foi a correria que me afastou daqui.
Ensaiei escrever anteontem e ontem mas, não me sentia inspirado. Para ser honesto, ainda não me sinto. Porém, me sinto na obrigação de não abandonar esse projeto.
Semana passada eu tive uma entrevista numa rede de farmácias muito famosa aqui, a Boots. Tive de dar uma desculpa para não ir ao trabalho na terça-feira e fui para a entrvista. Para ser convidado a ser entrevistado, tive de fazer uma prova pela internet. Muito parecida com aquelas intrermináveis provas dos processos de trainee que fiz ainda no Brasil. Na entrevista, o gerente disse que o processo era sério, que muita gente tentava ser entrevistada mas que poucos conseguiam. O mesmo papinho de RH que ouvi muito por aí. O mais engraçado é o momento em que eles dizem "Só fato de estar aqui já é uma grande vitória." Esperei por três dias a resposta e nada. Cabeça erguida!
Quinta à meia-noite caiu meu salário. Tive que ir até o banco 24h perto de casa para poder sacar o dinheiro para colocar o aluguel em dia. Ufa, foi quase tudo.
Porém, na sexta-feira à noite o Júnior, meu vizinho, me ligou dizendo que tinha aparecido uma vaga de última hora no PUB onde ele e o Felipe, o outro vizinho, trabalham. Topei, mas disse que só poderia começar no sábado, já que na sexta eu iria na despedida do Benê. Ele estará chegando em São José muito em breve. Valeu pela força aqui, Benê!
A despedida foi ótima. Ficamos num bar em Picadilly e depois fomos a uma balada por ali mesmo. Muito divertido.
Sábado acordei tarde, bem descansado. Fui ao supermercado e fiz um almoço bem gostoso.
O resto do dia passei bem tranquilão, esperando a hora de trabalhar chegar.
O PUB é gay. Sabendo que somos funcionários e percebendo que todos somos heteros, os caras nem mexiam com a gente. O clima de trabalho é bem tranquilo, a música é boa e não há muita dificuldade em catar copos, lavá-los, secá-los, guardá-los e repetir esse processo durante as 5h de turno. Os meninos recebem sempre em dia e a grana que vai entrar agora somada ao meu salário do restaurante estará bem próxima daquilo que eu pensava ser o ideal assim que cheguei aqui. Trabalharei então no restaurante de segunda a sexta e no PUB de sexta e sábado.
O bacana é que vou para o trabalho com o Junior e na volta estamos os três juntos.
Domingo foi o último de sol até sabe-se lá quando. Portanto, decidimos ir até a London Eye, a roda-gigante estrategicamente posicionada à beira do rio Tâmisa e com vista para os principais pontos da cidade. Chegamos lá por volta das 15h e nem enfrentamos fila. Valeu muito à pena.
Depois de lá voltamos para casa, assistimos o jogo do Inter x Grêmio e depois cama.
A semana mal começou e já está na metade. Uma doideira.
Estou gripado. O tempo é muito doido aqui. Eu me alimento muito bem, me cubro o máximo possível, mas a cidade inteira está com os olhos marejados e os narizes vermelhos. Atchim e cof-cof no metrô, na rua, no trabalho, no busão. Paciência.
Comprei um chá do tipo Vick, com paracetamol, uma pastilha para a rouquidão e um descongestionante nasal. Agora é só esperar e me cuidar mais.
Pai, mãe, vovós e etc, acalmem-se, é só uma gripe. A garganta está intacta, mas estou atento.
A temperatura não está passando dos 15 graus, mas a sensação térmica não é das piores.
Vou para casa agora aproveitar que a TV aberta finalmente vai passar um joguinho de futebol ao vivo!
O Junior vai levar meus documentos xerocados hoje no PUB e amanhã já devo receber uma graninha de leve.
Tudo indo muito bem aqui nas estranjas.
Saudades de vocês. Mas, como eu disse a uma amiga agora há pouco, quanto mais eu gosto daqui, mais eu gosto daí!
Amo vocês.
Saudadonas.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Festa estranha...
Depois de uma super semana de trabalho, nada mais justo que uma festinha para relaxar.
Durante toda a semana a Tati, supervisora da minha loja, estava fazendo uma baita propaganda do churrasco do pessoal das lojas da rede, que ia ser na casa dela.
Ouvi muitos falando que não iam e outros estavam em dúvida. A Magna, minha vizinha e companheira de trabalho, me disse que as festas costumavam ser boas na casa da Tati. Já que eu tinha referência de alguém conhecido e não tinha absolutamente nada a perder em ir a um lugar com um monte de gente diferente, decidi ir.
Passei o sabadão em casa lavando roupas, arrumando o quarto, batendo papo com meus vizinhos e esperando a hora chegar.
Quando o relógio marcava 22h saí de casa com a Magna em direção ao churrasco.
Chegando lá, me deparei com uma casa bem parecida com a minha, lotada de gente. O som era forró nordestino. As comidas eram bem simples. Uma espécie de torta de palmito sem a torta, só o recheio. Uns ovinhos de codorna meio verdes, um pão de alho e muito, muito churrasco. Coraçãozinho, umas carnes, frango. Muita coisa mesmo.
Como eu não sabia se ia ter comida ou não, resolvi comer em casa antes de sair.
O pessoal da festa era todo brasileiro. Já tinha ouvido falar que tem muita gente aqui que vem para fazer a vida mesmo. Talvez por eu estar convivendo com o pessoal da escola e, por coincidência, a maioria do pessoal do meu trabalho ser de estudantes que estão ali para ganhar dinheiro para pagar as continhas básicas e viajar pela Europa, não tinha tido contato com o pessoal que estava ali na festa.
É gente muito trabalhadora. Eles vêm com o projeto de ficar o máximo de tempo que der, mandam dinheiro para a família, viajam por aqui e vão ficando.
Me senti meio ET ali. Mas foi mais uma aventura. Me enturmei, como de costume. Ouvi todos os tipos de histórias.
A festa em si foi muito estranha. Acho que o Renato Russo escreveu um pedaço de "Eduardo e Mônica" inspirado no que eu passei ali.
Do trabalho mesmo, ninguém foi! Uia!
Falando em trabalho, está começando a aparecer uma ou outra coisa para o projeto Segundo Serviço. Torcida, galera!
Começou mais uma semana, mais um mês para mim e mais uma estação.
Com medo do frio ou não, minha aventura está sendo muito bacana.
Amo vocês.
Saudadona.
Durante toda a semana a Tati, supervisora da minha loja, estava fazendo uma baita propaganda do churrasco do pessoal das lojas da rede, que ia ser na casa dela.
Ouvi muitos falando que não iam e outros estavam em dúvida. A Magna, minha vizinha e companheira de trabalho, me disse que as festas costumavam ser boas na casa da Tati. Já que eu tinha referência de alguém conhecido e não tinha absolutamente nada a perder em ir a um lugar com um monte de gente diferente, decidi ir.
Passei o sabadão em casa lavando roupas, arrumando o quarto, batendo papo com meus vizinhos e esperando a hora chegar.
Quando o relógio marcava 22h saí de casa com a Magna em direção ao churrasco.
Chegando lá, me deparei com uma casa bem parecida com a minha, lotada de gente. O som era forró nordestino. As comidas eram bem simples. Uma espécie de torta de palmito sem a torta, só o recheio. Uns ovinhos de codorna meio verdes, um pão de alho e muito, muito churrasco. Coraçãozinho, umas carnes, frango. Muita coisa mesmo.
Como eu não sabia se ia ter comida ou não, resolvi comer em casa antes de sair.
O pessoal da festa era todo brasileiro. Já tinha ouvido falar que tem muita gente aqui que vem para fazer a vida mesmo. Talvez por eu estar convivendo com o pessoal da escola e, por coincidência, a maioria do pessoal do meu trabalho ser de estudantes que estão ali para ganhar dinheiro para pagar as continhas básicas e viajar pela Europa, não tinha tido contato com o pessoal que estava ali na festa.
É gente muito trabalhadora. Eles vêm com o projeto de ficar o máximo de tempo que der, mandam dinheiro para a família, viajam por aqui e vão ficando.
Me senti meio ET ali. Mas foi mais uma aventura. Me enturmei, como de costume. Ouvi todos os tipos de histórias.
A festa em si foi muito estranha. Acho que o Renato Russo escreveu um pedaço de "Eduardo e Mônica" inspirado no que eu passei ali.
Do trabalho mesmo, ninguém foi! Uia!
Falando em trabalho, está começando a aparecer uma ou outra coisa para o projeto Segundo Serviço. Torcida, galera!
Começou mais uma semana, mais um mês para mim e mais uma estação.
Com medo do frio ou não, minha aventura está sendo muito bacana.
Amo vocês.
Saudadona.
Releituras com cuidado.
A semana passada foi realmente devorada pelo tempo.
Segunda a sexta sem mudanças muito significantes. As únicas coisas que estão muito diferentes são o tempo e a temperatura. Já está escurecendo perto do horário normal (para mim) e o frio está começando a dar as caras. Brrrrrrrrrrrrr...
Eu já queria há muito tempo ter feito uma lista de desmistificação das coisas inglesas e vou tentar enumerar aqui algumas coisas que não batem em nada com aquilo que havia escutado antes de vir.
O Big Ben não é pequeno. Aliás, o Big Ben não é nem o relógio mas, o sino que badala dentro dele. E, tanto a torre, quanto o sino, são bem imponentes.
O inglês é muito sério sim, mas conheci alguns muito simpáticos e educados.
Eles são pontuais mas, em muitas oportunidades, já vi gente correndo com cara de sono e ressaca pelos corredores do tube. Além disso, os trens se atrasam constantemente, atrasando, assim, os tão pontuais ingleses.
O Rio Thames é sujo. Não é um Tietê, claro, mas, vendo bem de pertinho percebe-se que ele está longe de ser um viveiro de peixes felizes. Vez ou outra ainda rola um bodó!
Lembrei de falar sobre estes mitos porque aqui foi lançado um que eu não duvido, mas adoraria que fosse falso. Todos falam do frio aqui com uma dor que só vendo. Dizem que é para eu me preparar, pois a luz do dia vai embora às 15h e que o frio ataca mesmo. Dóem os dedos, os pés, as juntas. O que será do meu joelho?!
Fora isso, os dias aqui estão cada vez mais comuns. Hoje se completam 3 meses que eu saí de casa. Uma beleza! Um marco a ser comemorado e lembrado. Mesmo já tendo tido a experiência de morar fora de casa, a vida era uma moleza. Tinha dinheirinho na conta, cartão de crédito, a Gi para lavar, passar e engomar as minhas roupas todo santo final-de-semana. Qualquer saudadezinha era resolvida no máximo em uma hora de viagem e o valor das coisas era diferente.
Agora não. Agora, além de eu estar a milhares de milhas de casa, além de ter que fazer muita salada para pagar minhas continhas, sou diferente.
Ontem estava conversando com o Gustavo em Camden Town. Foi uma conversa bem bacana. Percebi o quanto ele está animado com a mudança brusca na vida dele. Como é de costume nele, qualquer coisinha o deixa deslumbrado. Aqui não é diferente. O fato de ele ter de lavar as roupas, fazer as compras e as comidas, ficar com a mão toda vermelha e machucada de tanto carregar peso e lavar copos, estão servindo de combustível para ele. Quem duvidava que ele conseguiria, pode esperar para encontrar outra pessoa em alguns meses.
Ficamos conversando por algumas horas e chegamos em um ponto que começamos a reler nossos últimos anos. Foi uma releitura muito difícil. Passando por confidências e analisando nossa postura nos últimos 3 anos, ficamos com um aperto comum no peito.
Agora falarei por mim.
Esse aperto me veio bem forte. Vi a quantidade de coisas que eu deveria ter feito diferente. A quantidade de erros que eu cometi, decisões erradas e atitudes lamentáveis. Pessoas que poderia ajudar e pensamentos simples que poderiam ter evitado que eu tomasse decisões e agisse de maneira errada.
Quando percebi que estava começando a sofrer com a releitura e o Gustavo também, me veio uma luz bem boa e uma energia me despertou.
Falei para ele que é importante fezer esse precesso de "voltar a fita" mas, é preciso ter cuidado demais. Esse processo machuca e pode nos levar a um lugar indesejável. O essencial é reparar que a capacidade de perceber os erros já é um sinal de mudança para frente. Agora eu me sinto munido de força de vontade para fazer diferente. Investir minha energia em coisas construtivas. Ajudar a quem precisa e tentar sempre melhorar. Me assusto um pouco em ter já 25 anos, mas sei que é muito pouco. Eu fico tão aliviado em saber que posso ter adiante muitas oportunidades para fazer diferente.
Continuarei fazendo releituras e, sempre que possível, perceberei que, por mais que esteja falando de mim, sou diferente. O tempo está passando e não quero deixar isso acontecer em vão.
Vamos todos tentar dar uma olhadinha para trás e perceber que nunca é tarde para mudar. O arrependimento existe e deve ser visto como uma oportunidade de perdão. Uma oportunidade de fazer diferente.
Mas é preciso cuidado. Não se pode deixar o sentimento de culpa passar por cima e derrubar todos os processos construtivos que levam à releitura. O passado pode ser referência para o bem ou para o mal mas, ele não será mudado por nada, apenas podemos construir agora e, no futuro, sermos melhores.
Amo vocês, saudadona.
Segunda a sexta sem mudanças muito significantes. As únicas coisas que estão muito diferentes são o tempo e a temperatura. Já está escurecendo perto do horário normal (para mim) e o frio está começando a dar as caras. Brrrrrrrrrrrrr...
Eu já queria há muito tempo ter feito uma lista de desmistificação das coisas inglesas e vou tentar enumerar aqui algumas coisas que não batem em nada com aquilo que havia escutado antes de vir.
O Big Ben não é pequeno. Aliás, o Big Ben não é nem o relógio mas, o sino que badala dentro dele. E, tanto a torre, quanto o sino, são bem imponentes.
O inglês é muito sério sim, mas conheci alguns muito simpáticos e educados.
Eles são pontuais mas, em muitas oportunidades, já vi gente correndo com cara de sono e ressaca pelos corredores do tube. Além disso, os trens se atrasam constantemente, atrasando, assim, os tão pontuais ingleses.
O Rio Thames é sujo. Não é um Tietê, claro, mas, vendo bem de pertinho percebe-se que ele está longe de ser um viveiro de peixes felizes. Vez ou outra ainda rola um bodó!
Lembrei de falar sobre estes mitos porque aqui foi lançado um que eu não duvido, mas adoraria que fosse falso. Todos falam do frio aqui com uma dor que só vendo. Dizem que é para eu me preparar, pois a luz do dia vai embora às 15h e que o frio ataca mesmo. Dóem os dedos, os pés, as juntas. O que será do meu joelho?!
Fora isso, os dias aqui estão cada vez mais comuns. Hoje se completam 3 meses que eu saí de casa. Uma beleza! Um marco a ser comemorado e lembrado. Mesmo já tendo tido a experiência de morar fora de casa, a vida era uma moleza. Tinha dinheirinho na conta, cartão de crédito, a Gi para lavar, passar e engomar as minhas roupas todo santo final-de-semana. Qualquer saudadezinha era resolvida no máximo em uma hora de viagem e o valor das coisas era diferente.
Agora não. Agora, além de eu estar a milhares de milhas de casa, além de ter que fazer muita salada para pagar minhas continhas, sou diferente.
Ontem estava conversando com o Gustavo em Camden Town. Foi uma conversa bem bacana. Percebi o quanto ele está animado com a mudança brusca na vida dele. Como é de costume nele, qualquer coisinha o deixa deslumbrado. Aqui não é diferente. O fato de ele ter de lavar as roupas, fazer as compras e as comidas, ficar com a mão toda vermelha e machucada de tanto carregar peso e lavar copos, estão servindo de combustível para ele. Quem duvidava que ele conseguiria, pode esperar para encontrar outra pessoa em alguns meses.
Ficamos conversando por algumas horas e chegamos em um ponto que começamos a reler nossos últimos anos. Foi uma releitura muito difícil. Passando por confidências e analisando nossa postura nos últimos 3 anos, ficamos com um aperto comum no peito.
Agora falarei por mim.
Esse aperto me veio bem forte. Vi a quantidade de coisas que eu deveria ter feito diferente. A quantidade de erros que eu cometi, decisões erradas e atitudes lamentáveis. Pessoas que poderia ajudar e pensamentos simples que poderiam ter evitado que eu tomasse decisões e agisse de maneira errada.
Quando percebi que estava começando a sofrer com a releitura e o Gustavo também, me veio uma luz bem boa e uma energia me despertou.
Falei para ele que é importante fezer esse precesso de "voltar a fita" mas, é preciso ter cuidado demais. Esse processo machuca e pode nos levar a um lugar indesejável. O essencial é reparar que a capacidade de perceber os erros já é um sinal de mudança para frente. Agora eu me sinto munido de força de vontade para fazer diferente. Investir minha energia em coisas construtivas. Ajudar a quem precisa e tentar sempre melhorar. Me assusto um pouco em ter já 25 anos, mas sei que é muito pouco. Eu fico tão aliviado em saber que posso ter adiante muitas oportunidades para fazer diferente.
Continuarei fazendo releituras e, sempre que possível, perceberei que, por mais que esteja falando de mim, sou diferente. O tempo está passando e não quero deixar isso acontecer em vão.
Vamos todos tentar dar uma olhadinha para trás e perceber que nunca é tarde para mudar. O arrependimento existe e deve ser visto como uma oportunidade de perdão. Uma oportunidade de fazer diferente.
Mas é preciso cuidado. Não se pode deixar o sentimento de culpa passar por cima e derrubar todos os processos construtivos que levam à releitura. O passado pode ser referência para o bem ou para o mal mas, ele não será mudado por nada, apenas podemos construir agora e, no futuro, sermos melhores.
Amo vocês, saudadona.
domingo, 14 de setembro de 2008
Cool.
Quarta-feira foi tranquilona. Trabalhei à beça mas, não foi nada além do esperado. Entrou mais um cara para substituir o Amauri, meu amigo que saiu. Agora são cinco colombianos e só eu de brasuca. Que beleza! Mais serviço para mim. Saí de lá para a aula e vim para casa.
Quinta-feira eu estava aliviado por saber que à meia-noite eu receberia o salário das duas semanas anteriores. Como dei uma ajustada nas contas e tinha comprado coisas de primeira necessidade na semana anterior, tinha £5 para passar toda a semana. Foi tranquilo até, já que o que eu tinha de reserva na despensa me alimentou bem demais e não gasto com almoço e transporte. Nada de perrengue, mas mais um sinal evidente de que eu tenho que arrumar um outro trampo.
Sexta-feira, grana na conta. Saí da aula e fui comprar um tênis, já que o meu querido Shox morreu. Sem sola e totalmente torto, estava merecendo um final digno. Sem poder fazer extravagâncias, fui atrás de algo simples e barato. Dei sorte. Encontrei uma promoção na Lillywhites, uma loja de esportes gigantesca em Picadilly. Só tinha tênis feios. Até que ali, no meio dos 43, vi um Adidas bem estiloso. Sem caixa, ele olhou para mim e disse, "Me compra!". Pensei, analisei. Totalmente fora do meu estilo, mas me deixou bem cool. Da loja eu fui para casa apenas para tomar banho, já que ia sair com um pessoal. Fomos até o O'Neils de Leicester Square, a melhor baladinha que fui desde que cheguei. Gente bonita, cervejinha gelada e música de primeiríssima qualidade.
Ficamos lá até umas 3h da manhã e depois busão para Willesden Green.
Aparte do meu cabelo cada vez maior e da minha barba ruiva, no sábado eu fui colocar meu outro brinco. Ficou bem legal! Estou me tornando um James, inglesinho de merda!
Fui ao supermercado, repus tudo o que estava faltando - e estava faltando tudo.
À noite fui com a Magna, a Cami e a Vivi até o Barcode, o pub onde o Felipinho e o Junior trabalham. Apesar de ser um lugar muito gay, a música era boa demais, as bebidas eram acessíveis e estava muito bem acompanhado por belas mulheres. Os gays não mexem com quem está quieto e mulher bonita espanta os caras. Sossegado.
Hoje acordei tarde, fiz mais um strogonoff de porpeta e fui para o The Mayor’s Thames Festival e agora vim atualizar o blog.
Vou fazer minha oração de Domingo e dormir. Mais uma semana para o tempo devorar começa amanhã!
Amo vocês.
Saudades.
Quinta-feira eu estava aliviado por saber que à meia-noite eu receberia o salário das duas semanas anteriores. Como dei uma ajustada nas contas e tinha comprado coisas de primeira necessidade na semana anterior, tinha £5 para passar toda a semana. Foi tranquilo até, já que o que eu tinha de reserva na despensa me alimentou bem demais e não gasto com almoço e transporte. Nada de perrengue, mas mais um sinal evidente de que eu tenho que arrumar um outro trampo.
Sexta-feira, grana na conta. Saí da aula e fui comprar um tênis, já que o meu querido Shox morreu. Sem sola e totalmente torto, estava merecendo um final digno. Sem poder fazer extravagâncias, fui atrás de algo simples e barato. Dei sorte. Encontrei uma promoção na Lillywhites, uma loja de esportes gigantesca em Picadilly. Só tinha tênis feios. Até que ali, no meio dos 43, vi um Adidas bem estiloso. Sem caixa, ele olhou para mim e disse, "Me compra!". Pensei, analisei. Totalmente fora do meu estilo, mas me deixou bem cool. Da loja eu fui para casa apenas para tomar banho, já que ia sair com um pessoal. Fomos até o O'Neils de Leicester Square, a melhor baladinha que fui desde que cheguei. Gente bonita, cervejinha gelada e música de primeiríssima qualidade.
Ficamos lá até umas 3h da manhã e depois busão para Willesden Green.
Aparte do meu cabelo cada vez maior e da minha barba ruiva, no sábado eu fui colocar meu outro brinco. Ficou bem legal! Estou me tornando um James, inglesinho de merda!
Fui ao supermercado, repus tudo o que estava faltando - e estava faltando tudo.
À noite fui com a Magna, a Cami e a Vivi até o Barcode, o pub onde o Felipinho e o Junior trabalham. Apesar de ser um lugar muito gay, a música era boa demais, as bebidas eram acessíveis e estava muito bem acompanhado por belas mulheres. Os gays não mexem com quem está quieto e mulher bonita espanta os caras. Sossegado.
Hoje acordei tarde, fiz mais um strogonoff de porpeta e fui para o The Mayor’s Thames Festival e agora vim atualizar o blog.
Vou fazer minha oração de Domingo e dormir. Mais uma semana para o tempo devorar começa amanhã!
Amo vocês.
Saudades.
Livre.
Como seria a vida sem as referências?
A tendência geral de analisar as pessoas sempre a partir de comparações que o senso comum nos dita como regras pode também nos deixar míopes e, pior, tirar da gente a liberdade de obter a sensação integral de um julgamento genuíno.
Concordo que seria muita arrogância e perda de tempo querer analisar cada coisa de maneira autêntica, recusando tais referências. Porém, ficar reprimindo nossas impressões e opiniões originais tira um pouco da graça de ser indivíduo.
Hoje eu fui ao The Mayor’s Thames Festival, um super evento que celebra o Rio Tâmisa através de apresentações ao ar livre e de uma grande feira livre. Tudo pra um monte de gente livre.
Eu me senti assim lá no meio da multidão. Para começar, Camila e eu paramos num palco bem na entrada do Jubilee Gardens, um espaço gramado à beira do Tâmisa e bem debaixo da London Eye, a super roda-gigante. Lá tinha uma banda que tocava um som bem engraçado, animado. Além das figuraças que eram os músicos, os espectadores davam um show de dança. No ritmo, mas sem a menor noção estética, eles requebravam o esqueleto, sem vergonha. A primeira coisa que me veio na cabeça foi admiração pela liberdade daqueles que estavam chamando mais atenção que o show da banda. Mas logo me veio a idéia de que aquilo era ridículo. Como aquelas pessoas poderiam ter coragem de se expor ao ridículo de mostrar que não sabem dançar? Mas, pera aí?! Que padrão que eu estava usando?
Foi então que eu parei para reparar e me fiz a pergunta que iniciou o texto.
As minhas referências disseram que aquilo era fora do aceitável, entrando em confronto intenso e direto com a minha sensação original. Eu tinha achado super bacana de primeira mas, porque eu tinha uma opinião concebida sem muita análise, eu parei de achar bacana.
Tinha uma menina fazendo uma dança muito esquisita. Ela não estava no ritmo, estava com um jeitão de doida e ainda era meio desengonçada. Mas a alegria que ela estava exalando e a sensação de bem-estar que ela estava emanando eram mais evidentes. Ela estava livre.
Na realidade, todos ao redor dela estavam na mesma vibração. Gente de todas as idades, os pares mais improváveis. Um velhinho meio manco, um casal de idosos na maior sintonia. Todos entregues à maneira mais simples de se ser livre e feliz.
Com meu celular a postos, filmei boa parte desse episódio.
Depois de dar muita risada, fomos até um outro palco e nos deparamos com uma coisa muito legal. Era uma apresentação de le parcour. Se trata de um esporte que consiste em fazer percursos urbanos de maneira bem arriscada e utilizando manobras que dão pontos aos competidores pelo nível de dificuldade. Subindo muros e descendo deles, pulando de telhado em telhado e dando cambalhotas e mortais, os caras deram um show. E tudo sem proteção.
Saímos de lá e fomos beirando o rio, onde estavam dispostas várias barraquinhas de artesanato e afins. Objetos de decoração, bijouterias, roupas, acessórios, quadros, caricaturas, postais, música o vivo, livros, comidinhas, etc. Fomos andando e batendo papo, vendo a noite cair, assim como a temperatura, apreciando o movimento intenso de gente de todo o mundo. Quando nos demos conta estávamos bem longe de onte partimos. Mas valeu. A volta é sempre mais rápida que a ida.
Ainda encontramos com um desfile de fantasias e, na hora em que estávamos chegando, com um grupo de Hare Krishnas. Animadíssimos, eles colocaram todos para dançar e cantar aquele hino que todos conhecem. Muita energia positiva.
Quando já estava super contente, me ligam meus irmãos e meu paizão. Eita saudadona boa!
Conversei com os três, contei as novidades e ainda tive notícias do futebol em tempo real. Dá-lhe Tricolor.
Energias boas carregadas, voltamos para casa.
Sempre me senti um cara feliz. Continuo assim. O que está acontecendo agora é que eu tenho vivenciado e percebido que as coisas mais simples da vida são suficientes para manter a felicidade. E, melhor que isso, elas são de graça e não dependem de nada além da nossa busca por elas e pela intenção de espalhá-las ao nosso redor.
Ser feliz, ser livre, amar, perdoar, ajudar, aceitar ajuda. Perguntar e responder. Dar afeto e buscar nele um alento que só se tem ali.
O caminho do bem é longo e largo. Tem buracos e curvas. Rotatórias e desvios.
Mas nele tem espaço para qualquer um que queira ser livre e feliz.
A tendência geral de analisar as pessoas sempre a partir de comparações que o senso comum nos dita como regras pode também nos deixar míopes e, pior, tirar da gente a liberdade de obter a sensação integral de um julgamento genuíno.
Concordo que seria muita arrogância e perda de tempo querer analisar cada coisa de maneira autêntica, recusando tais referências. Porém, ficar reprimindo nossas impressões e opiniões originais tira um pouco da graça de ser indivíduo.
Hoje eu fui ao The Mayor’s Thames Festival, um super evento que celebra o Rio Tâmisa através de apresentações ao ar livre e de uma grande feira livre. Tudo pra um monte de gente livre.
Eu me senti assim lá no meio da multidão. Para começar, Camila e eu paramos num palco bem na entrada do Jubilee Gardens, um espaço gramado à beira do Tâmisa e bem debaixo da London Eye, a super roda-gigante. Lá tinha uma banda que tocava um som bem engraçado, animado. Além das figuraças que eram os músicos, os espectadores davam um show de dança. No ritmo, mas sem a menor noção estética, eles requebravam o esqueleto, sem vergonha. A primeira coisa que me veio na cabeça foi admiração pela liberdade daqueles que estavam chamando mais atenção que o show da banda. Mas logo me veio a idéia de que aquilo era ridículo. Como aquelas pessoas poderiam ter coragem de se expor ao ridículo de mostrar que não sabem dançar? Mas, pera aí?! Que padrão que eu estava usando?
Foi então que eu parei para reparar e me fiz a pergunta que iniciou o texto.
As minhas referências disseram que aquilo era fora do aceitável, entrando em confronto intenso e direto com a minha sensação original. Eu tinha achado super bacana de primeira mas, porque eu tinha uma opinião concebida sem muita análise, eu parei de achar bacana.
Tinha uma menina fazendo uma dança muito esquisita. Ela não estava no ritmo, estava com um jeitão de doida e ainda era meio desengonçada. Mas a alegria que ela estava exalando e a sensação de bem-estar que ela estava emanando eram mais evidentes. Ela estava livre.
Na realidade, todos ao redor dela estavam na mesma vibração. Gente de todas as idades, os pares mais improváveis. Um velhinho meio manco, um casal de idosos na maior sintonia. Todos entregues à maneira mais simples de se ser livre e feliz.
Com meu celular a postos, filmei boa parte desse episódio.
Depois de dar muita risada, fomos até um outro palco e nos deparamos com uma coisa muito legal. Era uma apresentação de le parcour. Se trata de um esporte que consiste em fazer percursos urbanos de maneira bem arriscada e utilizando manobras que dão pontos aos competidores pelo nível de dificuldade. Subindo muros e descendo deles, pulando de telhado em telhado e dando cambalhotas e mortais, os caras deram um show. E tudo sem proteção.
Saímos de lá e fomos beirando o rio, onde estavam dispostas várias barraquinhas de artesanato e afins. Objetos de decoração, bijouterias, roupas, acessórios, quadros, caricaturas, postais, música o vivo, livros, comidinhas, etc. Fomos andando e batendo papo, vendo a noite cair, assim como a temperatura, apreciando o movimento intenso de gente de todo o mundo. Quando nos demos conta estávamos bem longe de onte partimos. Mas valeu. A volta é sempre mais rápida que a ida.
Ainda encontramos com um desfile de fantasias e, na hora em que estávamos chegando, com um grupo de Hare Krishnas. Animadíssimos, eles colocaram todos para dançar e cantar aquele hino que todos conhecem. Muita energia positiva.
Quando já estava super contente, me ligam meus irmãos e meu paizão. Eita saudadona boa!
Conversei com os três, contei as novidades e ainda tive notícias do futebol em tempo real. Dá-lhe Tricolor.
Energias boas carregadas, voltamos para casa.
Sempre me senti um cara feliz. Continuo assim. O que está acontecendo agora é que eu tenho vivenciado e percebido que as coisas mais simples da vida são suficientes para manter a felicidade. E, melhor que isso, elas são de graça e não dependem de nada além da nossa busca por elas e pela intenção de espalhá-las ao nosso redor.
Ser feliz, ser livre, amar, perdoar, ajudar, aceitar ajuda. Perguntar e responder. Dar afeto e buscar nele um alento que só se tem ali.
O caminho do bem é longo e largo. Tem buracos e curvas. Rotatórias e desvios.
Mas nele tem espaço para qualquer um que queira ser livre e feliz.
Amo vocês.
Saudadona.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Semana igual e final de semana com strogonoff de porpeta.
Semana passada foi muito igual às outras.
O meu trabalho tem me cansado muito mas, ao mesmo tempo, eu estou cada vez mais acostumad a ele. Já comecei a gostar mais dos trabalhos braçais e os faço na metade do tempo que costumava a gastar no começo.
Segunda-feira inglesa também tem cara de segunda-feira. Terça-feira é o dia mais corrido lá na loja. Quarta-feira eu costumo sair da escola, vir para casa lavar roupas e esperar para ver algum jogo de futebol aí do Brasil.
Quinta-feira é dia de recolher roupa e tentar relaxar o máximo possível e sexta é sexta!
Por recomendação do meu professor, eu tenho procurado ler mais em inglês. Aqui em Londres tem muito jornal vagabundo. No melhor estilo tablóide, na entrada do metrô ficam centenas de indianos, "sri-lankenses" e etc, oferecendo jornais que cultuam os crimes horrendos, os comportamentos bizarros das celebridades e a vida esportiva do inglês. O problema é que, além do conteúdo pobre, a lingüagem informal e cheia de abreviações e gírias destrói dias e mais dias de trabalho árduo!
Comprei então uma revista Newsweek que explica detalhadamente a guerra entre Rússia e Geórgia e conta a biografia do Barack Obama. Já li a revista inteira e, com a ajuda do dicionário que eu ganhei do meu amigo Satish, irei reler e tirar todas as dúvidas que eu encontrei ao longo da leitura.
Meu inglês está sensivelmente melhorando. Já consigo usar melhor o que eu tenho aprendido e tenho cometido poucos erros em conversação. Semana passada fiz um teste escrito e errei muito pouco também.
No sábado aproveitei para descansar e cozinhar. Como a carne aqui é muito cara, comprei porpetas. Cortei-as em quatro partes e fiz um strogonoff de porpeta. Eu como salada de segunda a sexta, não posso reclamar. A comida é saudável e gostosa, mas mereço no final de semana dar uma variada. Uma delícia.
A noite fui a um pub em Canary Wharf, o novo centro empresarial de Londres. O lugar é muito lindo e moderno, um grande contraste na paisagem. Ficamos pouco tempo mas valeu o passeio. Arejou.
Domingo acordei tarde também, assisti a corrida de F1, almocei a segunda parte do strogonoff e depois tomei umas geladinhas com o Junior, já que não fazíamos isso havia muitos dias.
Ontem eu não fui à escola por uma boa causa. A Camila, minha vizinha, trabalha em um restaurante português bem famoso aqui em Londres. Acontece que ela já está lá há um mês e não recebeu um pence. O combinado e o trivial aqui é o pagamento ser feito semanalmente. Como ela fala pouco inglês me pediu para ir com ela para ajudar a descobrir o que passa. Entrei no restaurante com ela e demos de cara com o dono. Me apresentei como primo dela e questionei a situação. Subimos ao escritório e o homem fez uma correria atrás de documentos e comprovações de que o erro não era deles. Insistiu, fez tudo na minha frente. Eu marcando em cima. Depois de quase uma hora de conversa tensa, descobrimos que o erro grotesco foi cometido por algum dos gerentes. Problema resolvido.
Hoje fui à aula e meu porofessor pediu o meu Progress Book, um livro de acompanhamento do meu progresso, literalmente. Ele fez umas anotações e deu a entender que a recomendação era para a minha mudança de nível, porém hoje terminava um prazo para mudanças. Provavelmente isso ocorrerá em duas semanas.
Continuo meu movimento em busca de um segundo trabalho. Os resultados eu conto assim que tiver novidades. Só posso dizer que estou firme, calmo e confiante.
Saudades de todos.
Amo vocês.
P.S.: Leiam o texto a seguir.
O meu trabalho tem me cansado muito mas, ao mesmo tempo, eu estou cada vez mais acostumad a ele. Já comecei a gostar mais dos trabalhos braçais e os faço na metade do tempo que costumava a gastar no começo.
Segunda-feira inglesa também tem cara de segunda-feira. Terça-feira é o dia mais corrido lá na loja. Quarta-feira eu costumo sair da escola, vir para casa lavar roupas e esperar para ver algum jogo de futebol aí do Brasil.
Quinta-feira é dia de recolher roupa e tentar relaxar o máximo possível e sexta é sexta!
Por recomendação do meu professor, eu tenho procurado ler mais em inglês. Aqui em Londres tem muito jornal vagabundo. No melhor estilo tablóide, na entrada do metrô ficam centenas de indianos, "sri-lankenses" e etc, oferecendo jornais que cultuam os crimes horrendos, os comportamentos bizarros das celebridades e a vida esportiva do inglês. O problema é que, além do conteúdo pobre, a lingüagem informal e cheia de abreviações e gírias destrói dias e mais dias de trabalho árduo!
Comprei então uma revista Newsweek que explica detalhadamente a guerra entre Rússia e Geórgia e conta a biografia do Barack Obama. Já li a revista inteira e, com a ajuda do dicionário que eu ganhei do meu amigo Satish, irei reler e tirar todas as dúvidas que eu encontrei ao longo da leitura.
Meu inglês está sensivelmente melhorando. Já consigo usar melhor o que eu tenho aprendido e tenho cometido poucos erros em conversação. Semana passada fiz um teste escrito e errei muito pouco também.
No sábado aproveitei para descansar e cozinhar. Como a carne aqui é muito cara, comprei porpetas. Cortei-as em quatro partes e fiz um strogonoff de porpeta. Eu como salada de segunda a sexta, não posso reclamar. A comida é saudável e gostosa, mas mereço no final de semana dar uma variada. Uma delícia.
A noite fui a um pub em Canary Wharf, o novo centro empresarial de Londres. O lugar é muito lindo e moderno, um grande contraste na paisagem. Ficamos pouco tempo mas valeu o passeio. Arejou.
Domingo acordei tarde também, assisti a corrida de F1, almocei a segunda parte do strogonoff e depois tomei umas geladinhas com o Junior, já que não fazíamos isso havia muitos dias.
Ontem eu não fui à escola por uma boa causa. A Camila, minha vizinha, trabalha em um restaurante português bem famoso aqui em Londres. Acontece que ela já está lá há um mês e não recebeu um pence. O combinado e o trivial aqui é o pagamento ser feito semanalmente. Como ela fala pouco inglês me pediu para ir com ela para ajudar a descobrir o que passa. Entrei no restaurante com ela e demos de cara com o dono. Me apresentei como primo dela e questionei a situação. Subimos ao escritório e o homem fez uma correria atrás de documentos e comprovações de que o erro não era deles. Insistiu, fez tudo na minha frente. Eu marcando em cima. Depois de quase uma hora de conversa tensa, descobrimos que o erro grotesco foi cometido por algum dos gerentes. Problema resolvido.
Hoje fui à aula e meu porofessor pediu o meu Progress Book, um livro de acompanhamento do meu progresso, literalmente. Ele fez umas anotações e deu a entender que a recomendação era para a minha mudança de nível, porém hoje terminava um prazo para mudanças. Provavelmente isso ocorrerá em duas semanas.
Continuo meu movimento em busca de um segundo trabalho. Os resultados eu conto assim que tiver novidades. Só posso dizer que estou firme, calmo e confiante.
Saudades de todos.
Amo vocês.
P.S.: Leiam o texto a seguir.
Cativar, ser responsável e resiliente.
Eu tenho escrito aqui muito pouco, eu sei.
É um verdadeiro tiro no pé pra quem estava alcançando proporções tão grandiosas dada a humilde estimativa durante o processo de criação deste espaço.
Mais do que isso, eu criei aqui um porta-palavras que reune muito de mim e passa adiante - ou tenta passar - um pouco das coisas que eu sinto enquanto vivo essa aventura.
Sei que alguns textos têm sido lidos por bastante gente. Já recebi elogios e comentários por cada um deles. Realmente, cuido muito para que os textos saiam de maneira que vocês se transportem para o lado de cá do oceano. Escrevendo e relendo eu sinto a presença de vocês aqui.
É assim então, juntando todos estes fatos, que eu percebi que cativei a atenção e o carinho de vocês.
E como Antoine de Saint-Exupéry maximizou, cabe a mim a eterna responsabilidade por aquilo que eu cativei.
Sabem quando alguma coisa que pode ou deve ser resolvida e a gente sabe disso - e por um monte de motivos que são indivisíveis, já que a gente não consegue citar um separado dos outros - e enquanto não a resolvemos ela incomoda tanto que chega a tirar um pouco a cabeça das devidas atenções?
Sabem também quando, não bastassem as pressões internas, ainda aqueles que você cativou começam a questionar a falta de comprometimento com a sua causa, que agora é deles?
Enfim, aí que entra a resiliência.
Não existe razão para eu querer tirar de mim essa responsabilidade.
Existem tantas responsabilidades que nos preocupam e nos incomodam de um jeito ruim. Elas realmente preocupam e incomodam porque no fim das contas o resultado do nosso comprometimento não nos dá a sensação de que valeu à pena fazer tanto esforço.
Por outro lado, a responsabilidade que eu tenho aqui é deliciosa. Eu fui atrás dela por caminhos naturais. Foi uma seqüência deliciosa de fatores, uma trilha que eu fui desbravando até encontrar ali a minha paisagem, o meu sossego, a minha responsabilidade.
Encontrei em mim este lado resiliente no processo de auto-descoberta que eu tenho feito nos últimos anos. Olhando para a minha vida e lendo minha história eu vi que nas situações onde eu me vi sob pressão fiquei ali, com medo mas firme. Encarei e esperei ver o que ia dar. Os objetivos eram alcançados, alguns com uma margem de sorte considerável, mas minha postura firme sob pressão me fez viver tais situações por completo.
Aqui estou eu hoje, quase dez dias depois de ter escrito meu último post, fazendo um texto com cara de mea culpa mas que certamente é uma síntese de uma parte importante do meu atual momento.
Foi muito fácil tomar a decisão de vir pra cá, uma vez que querer uma coisa boa é mais fácil que piscar os olhos. Difíceis foram os momentos que antecederam a minha partida, foi ouvir a contagem regressiva do meu irmão mais novo, ver a apreensão dos meus pais e principalmente sustentar a responsabilidade de dar esse passo em direção a uma vida desconhecida, mas que eu pedi. Uma vida diferente e que exigiu de mim simplesmente me transformar num catalisador de emoções. Tudo o que era dúvida e medo eu tinha que transformar em energia para sustentar a tal responsabilidade sem poluir o meu meio-ambiente. E isso me fez forte.
Hoje eu vejo que, apesar da enorme responsabilidade que é ter esse espaço e colocar nele as coisas que interessam àqueles que eu cativei, posso colocar aqui a verdade.
Peço perdão a quem deu de cara com a falta de atualidades e que, com razão, perdeu um pouco do interesse pelo blog.
Mas tenho certo que a vida aqui é rotina mas não perdeu a cor. A saudade é estável mas existe.
Se você leu esse texto e me entendeu, obrigado. Volte sempre aqui, vou me esforçar para ao menos contar os meus dias.
Amo vocês.
É um verdadeiro tiro no pé pra quem estava alcançando proporções tão grandiosas dada a humilde estimativa durante o processo de criação deste espaço.
Mais do que isso, eu criei aqui um porta-palavras que reune muito de mim e passa adiante - ou tenta passar - um pouco das coisas que eu sinto enquanto vivo essa aventura.
Sei que alguns textos têm sido lidos por bastante gente. Já recebi elogios e comentários por cada um deles. Realmente, cuido muito para que os textos saiam de maneira que vocês se transportem para o lado de cá do oceano. Escrevendo e relendo eu sinto a presença de vocês aqui.
É assim então, juntando todos estes fatos, que eu percebi que cativei a atenção e o carinho de vocês.
E como Antoine de Saint-Exupéry maximizou, cabe a mim a eterna responsabilidade por aquilo que eu cativei.
Sabem quando alguma coisa que pode ou deve ser resolvida e a gente sabe disso - e por um monte de motivos que são indivisíveis, já que a gente não consegue citar um separado dos outros - e enquanto não a resolvemos ela incomoda tanto que chega a tirar um pouco a cabeça das devidas atenções?
Sabem também quando, não bastassem as pressões internas, ainda aqueles que você cativou começam a questionar a falta de comprometimento com a sua causa, que agora é deles?
Enfim, aí que entra a resiliência.
Não existe razão para eu querer tirar de mim essa responsabilidade.
Existem tantas responsabilidades que nos preocupam e nos incomodam de um jeito ruim. Elas realmente preocupam e incomodam porque no fim das contas o resultado do nosso comprometimento não nos dá a sensação de que valeu à pena fazer tanto esforço.
Por outro lado, a responsabilidade que eu tenho aqui é deliciosa. Eu fui atrás dela por caminhos naturais. Foi uma seqüência deliciosa de fatores, uma trilha que eu fui desbravando até encontrar ali a minha paisagem, o meu sossego, a minha responsabilidade.
Encontrei em mim este lado resiliente no processo de auto-descoberta que eu tenho feito nos últimos anos. Olhando para a minha vida e lendo minha história eu vi que nas situações onde eu me vi sob pressão fiquei ali, com medo mas firme. Encarei e esperei ver o que ia dar. Os objetivos eram alcançados, alguns com uma margem de sorte considerável, mas minha postura firme sob pressão me fez viver tais situações por completo.
Aqui estou eu hoje, quase dez dias depois de ter escrito meu último post, fazendo um texto com cara de mea culpa mas que certamente é uma síntese de uma parte importante do meu atual momento.
Foi muito fácil tomar a decisão de vir pra cá, uma vez que querer uma coisa boa é mais fácil que piscar os olhos. Difíceis foram os momentos que antecederam a minha partida, foi ouvir a contagem regressiva do meu irmão mais novo, ver a apreensão dos meus pais e principalmente sustentar a responsabilidade de dar esse passo em direção a uma vida desconhecida, mas que eu pedi. Uma vida diferente e que exigiu de mim simplesmente me transformar num catalisador de emoções. Tudo o que era dúvida e medo eu tinha que transformar em energia para sustentar a tal responsabilidade sem poluir o meu meio-ambiente. E isso me fez forte.
Hoje eu vejo que, apesar da enorme responsabilidade que é ter esse espaço e colocar nele as coisas que interessam àqueles que eu cativei, posso colocar aqui a verdade.
Peço perdão a quem deu de cara com a falta de atualidades e que, com razão, perdeu um pouco do interesse pelo blog.
Mas tenho certo que a vida aqui é rotina mas não perdeu a cor. A saudade é estável mas existe.
Se você leu esse texto e me entendeu, obrigado. Volte sempre aqui, vou me esforçar para ao menos contar os meus dias.
Amo vocês.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
A macieira, a paciencia e a terceira ruptura.
Segunda-feira passada foi o ultimo post contando do meu dia-a-dia aqui. Ontem escrevi apenas para acalmar os coracoes daqueles que podem ter entrado esperando novidades e amenizar a decepcao.
Criei o blog e tenho tentado mante-lo atualizado para poder contar as minhas experiencias a voces, recontar pra mim e para ter guardado para o resto da vida aquilo que minha memoria possa vir a apagar.
Se nao tenho conseguido mante-lo atualizado com a frequencia desejavel e por dois motivos principais: o primeiro, como disse uma vez aqui, e tambem a vontade de nao deixa-lo piegas, repetitivo e evitar que voces se cansem e me abandonem; o segundo foi minha prima Ju que explicou melhor. Nao tenho escrito tanto simplesmente por nao ter tempo, o que um sinal claro que a vida aqui agora e vida mesmo, rotina.
Voltando entao ao blog em si, vou contar da ultima semana - aquilo que eu lembrar e interessar!
A semana em si foi muito parecida com as anteriores. De terca a sexta, trabalho de manha e escola a tarde. Casa a noite, um eventual supermercado e cama o mais cedo possivel.
Porem, duas coisas foram excepcionais. Uma foi a semana ter tido apenas quatro dias uteis, o que a fez parecer passar ainda mais rapido. A outra foi a belissima noite de sono que eu tive de quarta para quinta-feira. Isso porque meu roommate foi trabalhar.
O Espiritismo tem como um de seus principais focos a paciencia.
Eu sou um cara bem paciente, mas acredito que eu tenho sido testado alem do limite nesses ultimos periodos.
Ja dividi quarto com dois amigos em Sampa, ja viajei com galera, ja vivi muitas experiencias coletivas na vida e aprendi muitas coisas com elas. De longe a mais importante foi o respeito. Foi encontrar e praticar a sensibilidade em nao invadir o espaco daquele que esta dividindo comigo. Aprendi tambem a ter ouvidos, a ter atencao ao comportamento de quem esta ao redor, mudando entao de conduta caso qualquer incomodo seja demonstrado.
Aprendi tambem a ter bom senso e medi-lo com o senso comum, quando ele e bom, obviamente.
Enfim, aprendi que para bom entendedor...
Como meu roommate estava fora de casa eu aproveitei para abrir as janelas do quarto, arruma-lo inteirinho, arrumar meu armario, lavar e pendurar roupas, acender um incenso e prepara-lo para dormir. Deitei perto da meia-noite e meia e so me lembro de ter acordado na manha seguinte de um sono profundo, sentindo o corpo e a mente descansados. Me levantei mais feliz que qualquer outro dia aqui. Tomei meu banho, meu cafe reforcado e fui trabalhar. Trabalhei por dois.
Sexta-feira eu fui ao trabalho bem disposto tambem, apesar de a noite nao ter sido tao maravilhosa quanto a anterior. Sai de la e fui a um PUB com o pessoal para o O'Neils, um PUB irlandes muito famoso. Tomamos umas pints e discutimos sobre o pagamento que recebemos. Uma vergonha. Apesar de ter trabalhado dez horas a mais eu recebi exatamente a mesma coisa que as semanas anteriores. E isso aconteceu com todos. Estamos articulando para o pessoal de todas as lojas, que compartilham dessa insatisfacao, fazer um movimento para pelo menos ter um feedback da situacao.
Com o pagamento abaixo do esperado e com um mes de recebimentos e contas balanceados, percebi que terei mesmo de arrumar um segundo trampo se quiser viajar mais e comprar coisas para mim. Era uma possibilidade e agora e fato, concreto. Vamos correr entao!
Sabado acordei e vi que estava um dia maravilhoso.
Na sexta havia combinado com o Amauri, meu brother mais brother do trampo, de irmos a Notting Hill, mais especificamente na Portobello Road. La rola, alem do cenario do filme, uma feira livre muito bacana. Artistas se apresentando nas esquinas, antiguidades, artesanatos e souvenirs sendo vendidos em barracas e lojinhas bem tradicionais e muita, ma' muita gente passeando e curtindo o cenario que, de longe, foi o mais tipicamente europeu que eu vi desde que cheguei e talvez o mais completo em relacao a me sentir muito bem, ao mesmo tempo integrado e alienado.
Ficamos la ate perto das 3h da tarde e depois fui ao Hyde Park encontrar a Sandra, a Dani, a Carol, que e prima delas, e mais umas dez pessoas, que estavam curtindo um dia de verao daqueles no parque. Foi o ultimo dia das meninas em casa e em Londres.
Saimos todos juntos do parque e fomos ate em casa para tomar uma cervijinha e dar adeus a elas. Foi a terceira ruptura que eu enfrentei aqui em London. A Dani e uma graca, muito menininha ainda, com muita coisa para aprender, mas muito esperta, cheia de vida e de sonhos. Me ouviu bastante e foi uma companhia muito bacana.
A Sandra e uma daquelas pessoas que certamente sera uma das referencias mais fortes dessa minha trip aqui em Londres. Nos demos bem desde o dia em que nos conhecemos. Empatia mesmo. Gastamos muitas e boas horas em conversas que atravessaram as madrugadas e que nunca acabaram. Espero que nunca acabem. Ela ja esteve aqui em London antes e me contou muita coisa. Ja viveu mais e passou um pouco da vivencia para mim. Deu atencao a tudo que eu disse e falou que aprendeu comigo.
Ela e muito bem casada, realizada profissionalmente, tem uma familia que ela ama e tempera essa receita de felicidade com muita alegria de viver. Curtiu cada segundo aqui, agregou experiencias para si e para todos ao redor e foi embora cheia de saudades daqui, mas morrendo de vontade de voltar pro maridao e fazer o pessoal de la mais feliz. Valeu minha amigona!
Fiquei com elas ate a hora do taxi chegar, umas 4 e pouco da manha de sabado para domingo.
As 6h30 da manha de domingo tocou meu despertador e eu acordei todo serelepe. Estranho, ne?
O que acontecia e que eu estava indo para Bournemouth, uma cidade litoranea a 2h daqui.
Acordei o Felipe e a Magna, tomamos banho, comemos um cafezao reforcado, preparamos o lanchinho. Toalha, short e havaianas na mochila.
Nos encaminhamos para a Waterloo Station, de onde o trem sairia. Nos encontramos la com o Joao e com a Tchela, um casal super bacana.
Depois de um sabado ensolarado e quente, tudo que queriamos era um domingao igual. Pobres de nos. Saimos daqui de London com uma leve garoa e torcemos para que la as coisas estivessem melhores.
Apesar do tempo nublado, um ventinho quase frio, valeu demais o passeio.
Por sorte, estava tendo um evento das Forcas Armadas Reais por la. Um show aereo muito bacana. Avioes de caca, helicopteros de guerra dando loopings, avioes gigantescos fazendo manobras, "esquadrilhada fumaca" dando piparotes. Uma loucura.
Esticamos a canga gigante da Tchela na areia - que foi comprada e espalhada por cima das pedras originais do litoral Britanico - e assistimos a tudo super relaxados. Quando a fome bateu, saimos a procura de uma refeicao decente, com vista para o mar. Depois de tentar varias opcoes, fomos parar em um muito bacana, com fila de espera e tal. Comemos fish & chips, o prato mais tradicional daqui. Nao que eu adoooore, mas valeu demais. Agora so daqui uns meses. Tanto pelo preco, quanto pela falta de criatividade e tempero.
Saimos de la e passeamos pelo pier. Parecia aqueles filmes de terrorista, bem Hollywood mesmo.
Carrossel, criancinhas no colo dos soldados, um navio de guerra na baia, musiquinha de fanfarra e etc. Fiquei esperando alguma coisa explodir e o Denzel Washington vir correndo nos salvar de camisa florida, com o braco ferido e com oculos escuros e walkie-talkie. Que pena. Nada aconteceu, queria tanto um autografo do Denzel Washington. Nem o Cumpadi Washington apareceu! Droga!
Resolvos voltar para a estacao e tentar pegar um trem entre 19h e 20h. Voltamos pelo parque que corta a cidade. Ele tem varios tipos diferentes de jardins. Muito bonito. No caminho tinha uma fanfarra muito bacana tocando para uma audiencia bem tranquilona, clima de interior no litoral.
Quando estavamos a alguns metros da estacao, vimos que tinha uma macieira, cheinha de macas, num canteirinho perto de uma travessia subterranea. Fomos ate la para ver se era mesmo. E era.
Na hora veio a minha cabeca uma metafora.
A minha vida e como essa maciera. Ela me oferece um monte de frutos. Esta posicionada em um lugar por onde as pessoas tem que passar se quiserem atravessar um caminho perigoso de uma forma mais segura. Esta tambem disfarcada e pode nem ser percebida se eu nao cuidar bem de mim, resistir as agressoes e tiver fe de que ninguem passara por la e a machucara, ou arrancara um de seus frutos a forca.
A minha macieira ja me deu um monte de macas lindas, em forma de pessoas, lembrancas, de fe.
Tenho tentado rega-la mais ainda com emocoes intensas, retirando de cada acontecimento a maca mais cheirosa, vermelha e verde, com um cabinho marrom e com o maximo de sumo.
E o melhor e que a minha macieira me da macas das quais eu me alimento diversas vezes, ilimitadamente. E elas sao minhas.
Sabem o que eu quero fazer? Ser tambem uma macieira que nem aquela que eu vi em Bournemouth. Ficar no caminho das pessoas e deixar que elas vejam minhas macas. Fazer com que elas pensem que a simplicidade da natureza pode despertar a metafora que talvez explique o sentido das coisas mais complexas da vida, trazendo assim de volta a fe, o amor, a paciencia em tudo aquilo que se ama.
E eu amo voces, minhas macas!
Saudades.
Criei o blog e tenho tentado mante-lo atualizado para poder contar as minhas experiencias a voces, recontar pra mim e para ter guardado para o resto da vida aquilo que minha memoria possa vir a apagar.
Se nao tenho conseguido mante-lo atualizado com a frequencia desejavel e por dois motivos principais: o primeiro, como disse uma vez aqui, e tambem a vontade de nao deixa-lo piegas, repetitivo e evitar que voces se cansem e me abandonem; o segundo foi minha prima Ju que explicou melhor. Nao tenho escrito tanto simplesmente por nao ter tempo, o que um sinal claro que a vida aqui agora e vida mesmo, rotina.
Voltando entao ao blog em si, vou contar da ultima semana - aquilo que eu lembrar e interessar!
A semana em si foi muito parecida com as anteriores. De terca a sexta, trabalho de manha e escola a tarde. Casa a noite, um eventual supermercado e cama o mais cedo possivel.
Porem, duas coisas foram excepcionais. Uma foi a semana ter tido apenas quatro dias uteis, o que a fez parecer passar ainda mais rapido. A outra foi a belissima noite de sono que eu tive de quarta para quinta-feira. Isso porque meu roommate foi trabalhar.
O Espiritismo tem como um de seus principais focos a paciencia.
Eu sou um cara bem paciente, mas acredito que eu tenho sido testado alem do limite nesses ultimos periodos.
Ja dividi quarto com dois amigos em Sampa, ja viajei com galera, ja vivi muitas experiencias coletivas na vida e aprendi muitas coisas com elas. De longe a mais importante foi o respeito. Foi encontrar e praticar a sensibilidade em nao invadir o espaco daquele que esta dividindo comigo. Aprendi tambem a ter ouvidos, a ter atencao ao comportamento de quem esta ao redor, mudando entao de conduta caso qualquer incomodo seja demonstrado.
Aprendi tambem a ter bom senso e medi-lo com o senso comum, quando ele e bom, obviamente.
Enfim, aprendi que para bom entendedor...
Como meu roommate estava fora de casa eu aproveitei para abrir as janelas do quarto, arruma-lo inteirinho, arrumar meu armario, lavar e pendurar roupas, acender um incenso e prepara-lo para dormir. Deitei perto da meia-noite e meia e so me lembro de ter acordado na manha seguinte de um sono profundo, sentindo o corpo e a mente descansados. Me levantei mais feliz que qualquer outro dia aqui. Tomei meu banho, meu cafe reforcado e fui trabalhar. Trabalhei por dois.
Sexta-feira eu fui ao trabalho bem disposto tambem, apesar de a noite nao ter sido tao maravilhosa quanto a anterior. Sai de la e fui a um PUB com o pessoal para o O'Neils, um PUB irlandes muito famoso. Tomamos umas pints e discutimos sobre o pagamento que recebemos. Uma vergonha. Apesar de ter trabalhado dez horas a mais eu recebi exatamente a mesma coisa que as semanas anteriores. E isso aconteceu com todos. Estamos articulando para o pessoal de todas as lojas, que compartilham dessa insatisfacao, fazer um movimento para pelo menos ter um feedback da situacao.
Com o pagamento abaixo do esperado e com um mes de recebimentos e contas balanceados, percebi que terei mesmo de arrumar um segundo trampo se quiser viajar mais e comprar coisas para mim. Era uma possibilidade e agora e fato, concreto. Vamos correr entao!
Sabado acordei e vi que estava um dia maravilhoso.
Na sexta havia combinado com o Amauri, meu brother mais brother do trampo, de irmos a Notting Hill, mais especificamente na Portobello Road. La rola, alem do cenario do filme, uma feira livre muito bacana. Artistas se apresentando nas esquinas, antiguidades, artesanatos e souvenirs sendo vendidos em barracas e lojinhas bem tradicionais e muita, ma' muita gente passeando e curtindo o cenario que, de longe, foi o mais tipicamente europeu que eu vi desde que cheguei e talvez o mais completo em relacao a me sentir muito bem, ao mesmo tempo integrado e alienado.
Ficamos la ate perto das 3h da tarde e depois fui ao Hyde Park encontrar a Sandra, a Dani, a Carol, que e prima delas, e mais umas dez pessoas, que estavam curtindo um dia de verao daqueles no parque. Foi o ultimo dia das meninas em casa e em Londres.
Saimos todos juntos do parque e fomos ate em casa para tomar uma cervijinha e dar adeus a elas. Foi a terceira ruptura que eu enfrentei aqui em London. A Dani e uma graca, muito menininha ainda, com muita coisa para aprender, mas muito esperta, cheia de vida e de sonhos. Me ouviu bastante e foi uma companhia muito bacana.
A Sandra e uma daquelas pessoas que certamente sera uma das referencias mais fortes dessa minha trip aqui em Londres. Nos demos bem desde o dia em que nos conhecemos. Empatia mesmo. Gastamos muitas e boas horas em conversas que atravessaram as madrugadas e que nunca acabaram. Espero que nunca acabem. Ela ja esteve aqui em London antes e me contou muita coisa. Ja viveu mais e passou um pouco da vivencia para mim. Deu atencao a tudo que eu disse e falou que aprendeu comigo.
Ela e muito bem casada, realizada profissionalmente, tem uma familia que ela ama e tempera essa receita de felicidade com muita alegria de viver. Curtiu cada segundo aqui, agregou experiencias para si e para todos ao redor e foi embora cheia de saudades daqui, mas morrendo de vontade de voltar pro maridao e fazer o pessoal de la mais feliz. Valeu minha amigona!
Fiquei com elas ate a hora do taxi chegar, umas 4 e pouco da manha de sabado para domingo.
As 6h30 da manha de domingo tocou meu despertador e eu acordei todo serelepe. Estranho, ne?
O que acontecia e que eu estava indo para Bournemouth, uma cidade litoranea a 2h daqui.
Acordei o Felipe e a Magna, tomamos banho, comemos um cafezao reforcado, preparamos o lanchinho. Toalha, short e havaianas na mochila.
Nos encaminhamos para a Waterloo Station, de onde o trem sairia. Nos encontramos la com o Joao e com a Tchela, um casal super bacana.
Depois de um sabado ensolarado e quente, tudo que queriamos era um domingao igual. Pobres de nos. Saimos daqui de London com uma leve garoa e torcemos para que la as coisas estivessem melhores.
Apesar do tempo nublado, um ventinho quase frio, valeu demais o passeio.
Por sorte, estava tendo um evento das Forcas Armadas Reais por la. Um show aereo muito bacana. Avioes de caca, helicopteros de guerra dando loopings, avioes gigantescos fazendo manobras, "esquadrilhada fumaca" dando piparotes. Uma loucura.
Esticamos a canga gigante da Tchela na areia - que foi comprada e espalhada por cima das pedras originais do litoral Britanico - e assistimos a tudo super relaxados. Quando a fome bateu, saimos a procura de uma refeicao decente, com vista para o mar. Depois de tentar varias opcoes, fomos parar em um muito bacana, com fila de espera e tal. Comemos fish & chips, o prato mais tradicional daqui. Nao que eu adoooore, mas valeu demais. Agora so daqui uns meses. Tanto pelo preco, quanto pela falta de criatividade e tempero.
Saimos de la e passeamos pelo pier. Parecia aqueles filmes de terrorista, bem Hollywood mesmo.
Carrossel, criancinhas no colo dos soldados, um navio de guerra na baia, musiquinha de fanfarra e etc. Fiquei esperando alguma coisa explodir e o Denzel Washington vir correndo nos salvar de camisa florida, com o braco ferido e com oculos escuros e walkie-talkie. Que pena. Nada aconteceu, queria tanto um autografo do Denzel Washington. Nem o Cumpadi Washington apareceu! Droga!
Resolvos voltar para a estacao e tentar pegar um trem entre 19h e 20h. Voltamos pelo parque que corta a cidade. Ele tem varios tipos diferentes de jardins. Muito bonito. No caminho tinha uma fanfarra muito bacana tocando para uma audiencia bem tranquilona, clima de interior no litoral.
Quando estavamos a alguns metros da estacao, vimos que tinha uma macieira, cheinha de macas, num canteirinho perto de uma travessia subterranea. Fomos ate la para ver se era mesmo. E era.
Na hora veio a minha cabeca uma metafora.
A minha vida e como essa maciera. Ela me oferece um monte de frutos. Esta posicionada em um lugar por onde as pessoas tem que passar se quiserem atravessar um caminho perigoso de uma forma mais segura. Esta tambem disfarcada e pode nem ser percebida se eu nao cuidar bem de mim, resistir as agressoes e tiver fe de que ninguem passara por la e a machucara, ou arrancara um de seus frutos a forca.
A minha macieira ja me deu um monte de macas lindas, em forma de pessoas, lembrancas, de fe.
Tenho tentado rega-la mais ainda com emocoes intensas, retirando de cada acontecimento a maca mais cheirosa, vermelha e verde, com um cabinho marrom e com o maximo de sumo.
E o melhor e que a minha macieira me da macas das quais eu me alimento diversas vezes, ilimitadamente. E elas sao minhas.
Sabem o que eu quero fazer? Ser tambem uma macieira que nem aquela que eu vi em Bournemouth. Ficar no caminho das pessoas e deixar que elas vejam minhas macas. Fazer com que elas pensem que a simplicidade da natureza pode despertar a metafora que talvez explique o sentido das coisas mais complexas da vida, trazendo assim de volta a fe, o amor, a paciencia em tudo aquilo que se ama.
E eu amo voces, minhas macas!
Saudades.
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